postado em 26/05/2009 07:51
Por meio da ameaça nuclear, a Coreia do Norte impõe à comunidade internacional um perigoso ciclo de cobranças e concessões sem prazo de validade. O país não investe em diversificação da indústria, não tem projeto de desenvolvimento, pouco pode fazer por sua já debilitada agricultura. Há tempos Kim Jong-il encontrou uma forma menos trabalhosa de extorquir ajuda internacional: construindo a bomba atômica.
Esse jogo cansativo pode se estender por décadas até que Pyongyang aceite o desmantelamento de seu programa nuclear em troca de ajuda nas áreas de energia, agricultura e tecnologia, principalmente. George W. Bush, com sua postura belicista, atrasou o processo de negociação. Barack Obama tem a chance de inaugurar um diálogo mais eficaz.
Por sua vez, a Coreia do Norte precisa se comprometer a abandonar aventuras arriscadas como o lançamento de foguetes sobre o território japonês. Em vez de pôr em risco a vida de milhões de pessoas para obter mais vantagens de Seul e do Ocidente, o regime poderia pensar em maneiras alternativas de reduzir a fome e a miséria. Até 40% da população de 8,7 milhões norte-coreanos precisará urgentemente de ajuda alimentar nos próximos meses. Não bastasse o atrasado sistema de produção agrícola; inundações e secas anuais limitam a oferta de comida.