postado em 26/05/2009 15:44
A Coreia do Norte voltou a assustar o mundo nesta terça-feira com dois mísseis de curto alcance, depois de realizar um teste nuclear e lançar três mísseis na segunda-feira, elevando ao máximo as tensões com a comunidade internacional, que pede mais firmeza contra o regime norte-coreano.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o teste, classificando-o de "clara violação" das leis internacionais, e decidiu preparar uma resolução que inclua novas sanções contra o regime desse país.
A Coreia do Norte já havia lançado três mísseis na segunda-feira e efetuou nesta terça o disparo de outros dois, um míssil terra-ar-ar e outro terra-mar de um alcance de 130 km na costa leste, próximo da cidade de Hamhung, indicou a agência sul-coreana Yonhap, citando uma fonte do governo.
"Os serviços de inteligência estão analisando os motivos dos disparos", afirmou uma fonte da presidência sul-coreana.
O teste nuclear de segunda-feira foi muito mais potente do que o de outubro de 2006, indicaram os governos do Japão e da Rússia, enquanto analistas consideraram que o potencial equivale ao das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre Nagasaki e Hiroshima em 1945, ou seja 20 quilotons.
No entanto, Martin Kalinowski, professor do Centro Carl Friedrich von Weizsacker de Pesquisa para a Ciência e a Paz (ZNF) da Universidade de Hamburgo, afirmou à AFP que "a potência foi equivalente a cerca de quatro quilotons de TNT, com uma margem de incerteza de entre 3 e 8 quilotons".
"Os membros do Conselho manifestaram sua firme oposição e sua condenação ao teste nuclear efetuado no dia 25 de maio de 2009 pela Coreia do Norte, que representa uma clara violação da resolução 1718", declarou à imprensa o embaixador russo, Vitaly Tchurkin, em nome do Conselho presidido pela Rússia no mês de maio.
Decidiram "começar imediatamente a trabalhar em uma resolução do Conselho sobre este tema", acrescentou Tchurkin.
Vários diplomatas ocidentais manifestaram o desejo de que a futura resolução inclua novas sanções contra o regime comunista da Coreia do Norte.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse que se a Coreia do Norte queria "continuar realizando testes e provocando a comunidade internacional, deveria pagar um preço, já que a comunidade internacional é clara: isso não é aceitável".
Na segunda-feira "nos colocamos de acordo em seguir trabalhando em uma nova resolução do Conselho de Segurança, uma resolução forte", acrescentou a embaixadora, indicando que as sanções "poderiam tomar diferentes formas", entre elas "econômicas".
"A resolução deverá ter novas sanções que se juntam às que já foram adotadas" pelo Conselho, declarou o embaixador adjunto francês, Jean-Pierre Lacroix.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que esperava que o Conselho de Segurança fosse "capaz de adotar as medidas necessárias (que) correspondam à gravidade da situação".
Uma fonte diplomática russa afirmou em Moscou que a adoção de uma nova resolução pelo Conselho de Segurança "é inevitável" e que a reação "deve ser bastante séria", mas acrescentou que "não se trata" de impor "bloqueio, isolamento ou cordões sanitários".
"A porta das negociações deve estar sempre aberta", acrescentou.
"As sanções só farão com que a tensão aumente", assegurou em seu site o Chosun Sinbo, um jornal pró-norte-coreano publicado no Japão, que reproduz o pensamento do regime comunista.
"Não importa o quão importantes sejam as pressões, a RDPC nunca mudará seu curso atual", acrescentou.
Em Hanói, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) e da Ásia, reunidos para uma reunião da Asem (que inclui além dos 27 países da UE os dez membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático, mais a China, a Coreia do Sul, a Índia, o Japão, o Paquistão e a Mongólia), "condenaram" o teste nuclear e pediram ao regime de Pyongyang que não realize mais testes.
A Coreia do Sul assegurou que espera verificar este segundo teste nuclear "em dias", analisando as amostras de ar para encontrar traços de partículas radioativas.