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Traficante brasileiro une guerrilha e paramilitares na Colômbia

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postado em 26/05/2009 19:24
El Retorno - De inimigos mortais, em uma guerra de mais de dez anos pelo controle de vastos territórios no sudeste da Colômbia, os paramilitares de Pedro Guerrero e os guerrilheiros das Farc liderados por 'John 40' se uniram para produzir e vender cocaína, sob a orientação do traficante brasileiro Paulo Torres, conhecido como "El Canoso". Segundo a promotoria local, a estranha aliança foi promovida pelo brasileiro Paulo Torres ("El Canoso"), que idealizou o plano para manter abertas as rotas de narcotráfico que a guerrilha colombiana explorava com o também brasileiro Fernandinho Beira Mar (Luiz Fernando da Costa), atualmente preso no Brasil, após ser capturado na Colômbia em 2001. Em El Retorno, uma cidade de 7 mil habitantes no departamento de Guaviare, a população conhece a situação: "já não se enfrentam os 'muchachos' (guerrilheiros) e os 'paras' (paramilitares)", se respeitam", disse Fernando, um caminhoneiro que viaja constantemente entre a zona rural e o centro do povoado. A aliança entre os 'paras' de Guerrero 'Cuchillo' e os rebeldes liderados por Genner García 'John 40', chefe da Frente 43 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi fechada no final de 2007, após o bombardeio do Exército que matou Tomás Medina. Segundo as autoridades colombianas e americanas, Medina foi, por anos, o responsável pelo fornecimento de cocaína aos traficantes brasileiros, em troca de armas contrabandeadas da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). Guerrero, que segundo a polícia liderava mais de 500 homens do chamado Exército Revolucionário Popular Antissubversivo Colombiano (ERPAC), acertou com 'John 40' uma trégua, para evitar confrontos durante operações do Exército colombiano. De acordo com a população local, Guerrero chegou à região nos anos oitenta, "como soldado ou policial, mas depois entrou para a máfia com (Gonzalo) Rodríguez Gacha", um poderoso capo, morto em 1990. Em 1997, Guerrero liderou o massacre de 49 camponeses em Mapiripán, que marcou a entrada dos paramilitares no sudeste da Colômbia, tradicional bastião da guerrilha. A partir de então, paramilitares e Farc travaram um dura guerra, na qual os camponeses plantadores de coca eram o principal alvo. Em dezembro passado, a promotoria deteve 11 pessoas que traficavam pasta de coca, em uma rede formada por brasileiros, colombianos e venezuelandos, e descobriu que a droga era fornecida conjuntamente por Guerrero e 'John 40'. Segundo a promotoria, a nova aliança leva cocaína do sudeste da Colômbia para pistas de aviação no Suriname e no estado venezuelano de Apure, de onde a droga segue para os Estados Unidos e a Europa. Os carregamentos destinados à Europa fazem escala em países da costa oeste da África, como Serra Leona, onde ao menos 25 sul-americanos foram presos no último ano em operações da polícia.

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