postado em 28/05/2009 08:52
SEUL - As forças conjuntas de Coreia do Sul e Estados Unidos elevaram o nível de alerta militar nesta quinta-feira (28/5), após a Coreia do Norte suspender o armistício assinado em 1953 entre as duas Coreias, informou o ministério sul-coreano da Defesa.
"Às 7h15 desta quinta-feira, o comando das forças conjuntas de Estados Unidos e Coreia do Sul elevou as condições de alerta em um grau, passando ao nível dois", afirma um comunicado do ministério da Defesa. "A vigilância sobre a Coreia do Norte será reforçada com aviões e a mobilização de pessoal", disse o porta-voz do ministério, Won Tae-Jae.
Esta é a quarta vez desde 1982 que o alerta entre as forças americanas e sul-coreanas é elevado ao nível 2, destacou Won Tae-Jae. O alerta precedente de nível 2 ocorreu em 2006, após o primeiro teste nuclear da Coreia do Norte.
Segundo o porta-voz, a vigilância vai se concentrar ao longo da Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias, sobre a zona de segurança conjunta na cidade de Panmunjom e na região em disputa no Mar Amarelo. "Vamos manter uma sólida posição defensiva para prevenir provocações militares do Norte", disse Won. "Os militares vão se opor firmemente às provocações".
Os Estados Unidos, que durante a Guerra da Coreia lideraram uma força das Nações Unidas de defesa do Sul, têm um contingente de 28.500 homens estacionado na Coreia do Sul como força de dissuasão ao Norte.
Ameaça militar
Pyongyang ameaçou na quarta-feira a Coreia do Sul com uma resposta militar, após a adesão de Seul ao Programa de Segurança contra a Proliferação de armas de destruição em massa, e comunicou a suspensão do armistício de 1953, que encerrou a Guerra da Coreia.
O regime comunista informou que considera uma declaração de guerra a decisão de Seul de aderir ao Programa de Segurança contra a Proliferação. "Qualquer ato hostil contra nossa República, em particular deter ou inspecionar nossos navios, se traduzirá de imediato em uma forte resposta militar", advertiu Pyongyang.
Lançado em 2003 pelos Estados Unidos, o programa contra a proliferação, que teve a adesão de 90 países, autoriza a inspeção em alto mar dos navios suspeitos de transportar material nuclear e outras armas de destruição em massa.
Para Washington esta é a quinta oportunidade em que a Coreia do Norte busca invalidar o armistício, mas analistas acreditam que agora existem mais possibilidades de um conflito armado limitado entre as duas Coreias.
"A possibilidade de enfrentamentos militares, em especial nos pontos potencialmente sensíveis perto da costa, é agora uma realidade", afirma Paik Hak-Soon, do Instituto Sejong. "No entanto, se acontecer um novo confronto, seria diferente dos dois anteriores", completou Paik, em referência aos incidentes navais de 1999 e 2002.
Início da tensão
Na segunda-feira, a Coreia do Norte desafiou o mundo com um teste nuclear subterrâneo e o disparo de três mísseis de curto alcance, antes de lançar outros dois mísseis, na terça, e mais um, na quarta. O teste nuclear de segunda-feira, o segundo da Coreia do Norte desde 2006, foi cinco vezes mais potente que o de três anos atrás, segundo os sismólogos..
Em reação, o Conselho de Segurança da ONU prepara uma resolução que deve incluir novas sanções ao governo da Coreia do Norte.
Segundo analistas, a política norte-coreana se radicalizou consideravelmente desde o segundo semestre do ano passado, quando o líder Kim Jong-Il, 67 anos, sofreu ao que tudo indica um derrame cerebral. Para os mesmos analistas, Kim Jong-Il atua desta maneira para aumentar sua autoridade e impor os planos de sucessão.