Jornal Correio Braziliense

Mundo

Cientistas avançam na terapia de células-tronco

;

A pesquisa com células-tronco, através do desenvolvimento de tecidos cultivados em laboratório para transplante, deu um passo importante nesta quinta-feira: cientistas anunciaram ter descoberto uma maneira segura de transformar células epidérmicas em células-tronco. Revelaram que o novo método é tão promissor que esperam apresentá-lo para a realização de testes clínicos, já no ano que vem. "É o primeiro método seguro para gerar células-tronco específicas de um paciente", explicou o autor do estudo, Robert Lanza, do Stem Cell & Regenerative Medicine International. "Esta tecnologia permitirá logo ampliar o leque de possibilidades para terapias através de células-tronco para todo o corpo humano", declarou Lanza à AFP. "Isso permitirá que geremos o material de base necessário para resolver o problema da rejeição (pelo sistema imunológico), o que vai realmente acelerar o campo da medicina regenerativa", indicou. A pesquisa se baseia em descobertas feitas em 2007 por Shinya Yamanaka, da Universidade de Tóquio. Yamanaka e sua equipe introduziram quatro genes em células epidérmicas, reprogramando-as para que se tornem iguais às células-tronco embrionárias. Este avanço permite aos cientistas vislumbrar uma fonte inesgotável - e livre de polêmicas - de células-tronco para transplantes, já que não envolve o uso de células retiradas de embriões. O aspecto negativo da técnica desenvolvida por Yamanaka para criar as chamadas células-tronco induzidas e pluripotentes (IPS) é que os genes são entregues por um vírus do tipo "cavalo de Tróia". Reprogramar células usando um vírus modifica seu DNA, o que aumenta o risco de câncer ou mutações genéticas indesejáveis para os pacientes. Outros pesquisadores já haviam conseguido introduzir os mesmos genes com um método conhecido como transferência de DNA, ou utilizando uma lavagem química, mas estas técnicas também apresentam riscos para a saúde. Lanza e a equipe coordenada por Kwang Soo Kim, da Universidade de Harvard, conseguiram introduzir genes fundindo-os com um peptídeo que penetra nas células, o que não traz riscos de mutação genética. Como este método levou o dobro do tempo para gerar células-tronco pluripotentes, Lanza disse acreditar que sua equipe pode aumentar a eficiência da transmissão purificando a proteína. O estudo foi publicado na edição online da publicação científica Cell Stem Cell.