postado em 01/06/2009 13:37
CIDADE DE GAZA - Investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) chefiados pelo jurista sul-africano Richard Goldstone começaram nesta segunda-feira (1/6) a apurar possíveis crimes de guerra cometidos por Israel e pelo grupo islâmico Hamas durante uma ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza, que deixou mais de mil mortos, entre o fim de 2008 e o início de 2009.
Os investigadores da ONU ingressaram hoje em Gaza pelo Egito, sem terem assegurado que contarão com a colaboração israelense. Israel alega acreditar que a investigação não será objetiva e acusa o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que pediu a apuração, de ter postura "anti-israelense".
Goldstone, que é judeu e possui ligações com Israel, disse que pretende investigar os dois lados. Ele disse que passará uma semana na região e que investigará a ofensiva israelense contra Gaza e possíveis violações dos direitos humanos perpetradas pelo Hamas. Seu relatório deve ficar pronto em agosto.
Ofensiva
Pelo menos 1.100 habitantes do território morreram durante a ofensiva de três semanas iniciada em 27 de dezembro último, segundo dados de ambos os lados. Os militares israelenses afirmam que a maioria dos mortos era de militantes, enquanto os palestinos dizem que a maioria era de civis.
Em março, o grupo Centro Palestino de Direitos Humanos divulgou a identidade de 1.417 palestinos mortos durante uma ofensiva militar israelense, afirmando que 926 deles eram civis, 236 eram milicianos e 255 eram integrantes das forças locais de segurança.
Dias depois, o Exército de Israel contestou as denúncias de que a maior parte dos mortos fosse composta por civis. Além disso, afirmou que 1.166 pessoas morreram em Gaza durante a ofensiva, das quais 709 seriam militantes do Hamas. O número de civis mortos seria de pouco menos de 300. O anúncio não esclareceu se as outras 162 pessoas mortas eram combatentes ou civis nem forneceu a identidade das vítimas.
Israel lançou a ofensiva com o objetivo declarado de interromper anos de lançamento de foguetes palestinos contra em sua fronteira. O Exército usou força sem precedentes na pequena faixa mediterrânea, incluindo mais de 2 mil ataques a bomba e barragens de artilharia e morteiros contra militantes palestinos que operavam em áreas residenciais.