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Décadas de tensão entre Cuba e os Estados Unidos

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postado em 03/06/2009 07:00
Acompanhe os principais momentos da conturbada relação entre Estados Unidos e Cuba desde a revolução de 1959.




Janeiro de 1959
Apoiado pelo governo dos Estados Unidos desde que voltou ao poder por meio de um golpe militar, em 1952, Fulgencio Batista ficou em uma situação muito frágil após perder gradualmente o respaldo de Washington. O seu enfraquecimento só colaborou para a rápida tomada de Havana pelos revolucionários liderados por Fidel Castro, no primeiro dia de 1959

Fevereiro de1959
Com apenas 32 anos, Castro assume o poder. O presidente americano Dwight Eisenhower reconhece oficialmente o novo governo na ilha, mas as relações entre os dois países começa rapidamente a se deteriorar. O então embaixador dos EUA em Havana, Earl T. Smith, renuncia ao posto dias depois

Abril de 1959
Fidel visita os EUA, mas não é recebido por Eisenhower. A viagem é marcada por tensões com o governo americano, preocupado com sua retórica anti-americana

Julho de 1960
O governo anuncia que todas as empresas americanas em Cuba serão nacionalizadas sem indenização. A ordem foi um dos primeiros passos na guerra econômica já em andamento entre os dois países, e ocorreu depois que os EUA reduziram a cota de importação de açúcar em 700 mil toneladas

Janeiro de 1961
Os EUA rompem as relações diplomáticas com Cuba

Abril de 1961
Um exército de contra-revolucionários, com cerca de 1,4 mil exilados cubanos, desembarcou na Baía dos Porcos, com apoio de forças aéreas e navais dos EUA. Fidel liderou, ele próprio, a operação para repelir a invasão, dizendo em um discurso na rádio cubana que "os gloriosos soldados do Exército revolucionário e da milícia nacional estão lutando contra o inimigo em todos os pontos onde ele desembarcar". A invasão da Baía dos Porcos terminou depois que os exilados cubanos que tentaram derrubar o governo de Fidel foram capturados

Setembro de 1961
EUA aprovam lei autorizando o presidente John F. Kennedy a impor um "embargo comercial total" contra Cuba. A Lei de Ajuda Externa proibiu qualquer auxílio à ilha. Um embargo parcial já havia sido imposto pelo presidente Eisenhower em 1960, mas excluía alimentos e remédios.

Outubro de 1962
Crise dos Mísseis ; Após a descoberta de mísseis soviéticos em Cuba, Kennedy faz um pronunciamento na TV declarando um bloqueio naval contra Cuba e dizendo que "qualquer lançamento de míssil nuclear contra qualquer nação do Hemisfério Ocidental" será considerado um "ataque contra os Estados Unidos"

Novembro de 1962
O líder russo Nikita Khrushchev concorda em desmobilizar todos os mísseis russos colocados na ilha, pondo fim à ameaça iminente de guerra nuclear. Em resposta, Kennedy disse que a decisão era "uma importante contribuição à paz" e prometeu que os EUA não invadiriam Cuba.

Dezembro de 1962
Governo cubano concorda em receber uma recompensa de US$ 53 milhões em alimentos e suprimentos médicos, doada por empresas de várias partes dos EUA, como condição para a libertação dos exilados cubanos presos durante a invasão da Baía dos Porcos

Novembro de 1975
Tem início um envio maciço de tropas cubanas para Angola para apoiar o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), que vinha lutando pela independência de Portugal desde 1961. Angola era o mais novo front das várias guerras "indiretas" entre a União Soviética, que entrou com as forças cubanas, e o Ocidente, que apoiava a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola).

Março de 1976
Forças sul-africanas retiram-se de Angola, no que foi visto como uma vitória da presença militar cubana no país ; e da União Soviética

Abril de 1980
Depois de uma desaceleração da economia do país, o governo cubano anuncia que quem quiser pode partir. Os cubanos começam então um êxodo em massa para os EUA, conhecido como "Fuga de Mariel", que só teve fim em outubro, depois de um acordo entre os dois países. Um total de 125 mil migrantes deixaram o porto de Mariel, em Cuba, para fazer a travessia para a Flórida

Outubro de 1983
Forças invasoras americanas entram em choque com soldados cubanos na ilha caribenha de Granada. Uma coalizão dos EUA entrou em Granada depois de uma luta de poder na ilha que se seguiu ao assassinato do primeiro-ministro Maurice Bishop seis dias antes. Bishop desenvolvera laços estreitos com Cuba desde que chegara ao poder na revolução de Granada, em 1979. A invasão foi considerada pelas Nações Unidas como "uma violação flagrante das leis internacionais"

Março de 1996
Congresso dos EUA aprova lei reforçando o embargo comercial do país a Cuba. A Lei Helms-Burton ampliou a medida, tornando passíveis de processo empresas estrangeiras que tenham relações comerciais com Cuba

Novembro de 1999
O menino cubano Elián González e dois adultos que sobreviveram ao naufrágio de um barco que seguia para os EUA foram resgatados perto do litoral da Flórida. Elián, de seis anos, fica com a família da mãe, em Miami.

Dezembro de 1999
Os cubanos realizam protestos diante da embaixada dos EUA em Havana, exigindo a volta de Elián. Fidel acusa os EUA de "seqüestrarem" o menino

Abril de 2000
Agentes federais dos EUA tomam o menino de parentes depois de uma batida na casa deles em Miami nas primeiras horas da manhã. Elián é colocado em um avião e levado para a base da Força Aérea de Andrews, no subúrbio de Washington, onde viu seu pai pela primeira vez em cinco meses. Ao chegar em Cuba, é recebido por Fidel

Maio de 2002
Cuba é incluída na lista de países do "Eixo do Mal" dos EUA e acusada de procurar desenvolver armas biológicas

Agosto de 2006
Fidel passa o poder temporariamente a seu irmão, Raúl, por causa de uma doença. George W. Bush pede aos cubanos que trabalhem por uma transição democrática, prometendo apoio aos que procurarem "construir um governo de transição em Cuba comprometido com a democracia"

Fevereiro de 2008
Fidel anuncia sua renúncia à Presidência. Raúl assume de fato o poder

Maio de 2009
Barack Obama suspende as restrições às viagens e aos envios de dinheiro a Cuba


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