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Entrevistas: estudo demonstra nova maneira de melhorar a memória imune

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postado em 05/06/2009 07:55
Um estudo realizado por cientistas da Faculdade de Medicina da Pensilvânia (Estados Unidos) e da Universidade McGill (Canadá) pode aprimorar a memória imunológica do organismo ; a forma com que o sistema imunológico se lembra de antigos invasores. Em entrevista ao Correio, os especialistas Erika Pearce e Yongwon Choi, da Universidade da Pensilvânia, explicaram a pesquisa e revelaram a expectativa de vacinas mais eficientes e tratamentos contra o câncer promissores. Como foi a descoberta de que uma droga anti-diabetes amplamente utilizada poderia impulsionar o sistema imunológico e aumentar a potência das vacinas e dos tratamentos contra o câncer? ERIKA PEARCE: Nós observamos que os linfócitos T (células de defesa) de um rato com um defeito em um gene exigido para o desenvolvimento da memória imunológica exibiram um tipo diferente de metabolismo. Nós decidimos então usar uma droga que melhorasse o metabolismo, para testar se as células defeituosas melhorariam sua habilidade de dar forma à memória imunológica. A metformina, droga usada contra o diabetes, aumenta a atividade do AMPK, um regulador molecular do metabolismo. Nossos resultados são intrigantes porque mostram que essa droga pode ter efeitos diretos nos linfócitos T, capazes de alterar a qualidade da resposta imunológica. Como essa droga aumenta a resistência do sistema imunológico? Qual é sua ligação com a memória imunológica? ERIKA PEARCE: Depois de uma vacinação ou uma infecção, o sistema imunológico humano se recorda de proteger-se de invasores já enfrentados no passado, com a ajuda de células especializadas B e T. A memória imunológica tem sido por muito tempo assunto de intenso estudo, mas os mecanismos celulares subjacentes que regulam a geração e a persistência de células T de memória de longo prazo permanecem indeterminados. YONGWON CHOI: Nós acidentalmente descobrimos que o metabolismo ou queima de ácidos graxos pelas células T depois do pico da infecção é crítico ao estabelecimento da memória nessas células T. E, como consequência, usamos a droga metformina ; amplamente prescrita para tratar diabetes --, que opera em metabolismo ácido graxo para aprimorar esse processo. Quais serão os próximos passos de sua pesquisa? ERIKA PEARCE: Os próximos passos serão compreender mais os mecanismos celular e molecular que regulam a memória imune. De que modo essa descoberta pode revolucionar o campo das vacinas? YONGWON CHOI: A maior parte das vacinas feitas com células T têm uma boa resposta inicial, mas o desenvolvimento de células de memória T de longo prazo tem sido difícil. Podemos usar a metformina, em teoria, para acelerar o desenvolvimento de células de memória. Queremos aprimorar a imunidade depois de uma vacinação inicial.

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