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Na Alemanha, Obama reverencia judeus vítimas do nazismo

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postado em 06/06/2009 08:10
Um dia depois de estender a mão ao mundo muçulmano, Barack Obama resolveu mostrar a Israel, seu principal aliado no Oriente Médio, que os Estados Unidos não mudaram de lado. Em visita ao campo de concentração nazista de Buchenwald, na Alemanha, o presidente americano reafirmou a forte relação entre os dois países, enquanto criticou de forma veemente os que negam o Holocausto ; como o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad. Obama, no entanto, usou o mesmo tom do discurso da véspera no Cairo, cobrando de árabes e israelenses compromissos ;duros; para tocar o processo de paz.

;Ontem (quinta-feira) foi apenas um discurso, e isso não substitui todo o trabalho duro que terá de ser feito;, disse Obama em uma coletiva na Alemanha. ;Agora, o momento é de agirmos a respeito do que todos sabemos ser a verdade: cada um dos lados terá de fazer concessões difíceis;, acrescentou. Segundo ele, os Estados Unidos, por sua amizade com Israel, ;têm a obrigação de ser honestos sobre quão importante é chegar a uma solução de dois Estados;. O presidente americano pediu mais uma vez o fim da colonização judaica nos territórios ocupados, lembrando que o Estado judeu já havia assumido tal compromisso.

Mas, para evidenciar que o momento não era só de ;cobranças; a Israel, Obama solidarizou-se com o sofrimento dos judeus ao visitar o campo de concentração alemão. Após rezar diante do memorial às vítimas e depositar uma rosa branca no local, ele condenou o negacionismo ;sem fundamento, ignorante e hediondo;. ;Este lugar desmente essas ideias e nos lembra que temos de enfrentar os que distorcem nossa história;, disse, em referência a Ahmadinejad. ;Ele deveria fazer sua própria visita;, sugeriu o americano. ;A história do Holocausto não é algo especulativo.; O presidente iraniano fez, nesta semana, mais um discurso questionando o genocídio dos judeus e atacando Israel.

Reações
Enquanto Obama iniciava sua viagem pela Europa, analistas israelesenses ainda avaliavam os impactos da nova política de Washington para o Oriente Médio, evidenciada no discurso do Cairo. Para o analista político Gideon Levy, do jornal Haaretz, após o pronunciamento que fez no Egito, o 44; presidente americano emergiu como um ;verdadeiro amigo; de Israel. ;Obama falou no Cairo contra quem nega o Holocausto, sobre os direitos das mulheres e da minoria cristã copta, e a necessidade de democracias moldadas a cada sociedade. Esse é o pensamento de um grande líder, que transita com sabedoria e sensibilidade (;) entre israelenses e palestinos, entre cristãos, judeus e muçulmanos;, opina.

O especialista Aluf Benn, por sua vez, viu no discurso de Obama nada menos do que uma ;revolução estratégica; para Israel. ;Durante a era Bush, éramos o parceiro mais próximo dos EUA na guerra contra o terror, e desfrutávamos de liberdade de operações militares contra os palestinos, o Hezbollah e a Síria. Com Obama, Israel deverá se reeducar e terá, mais uma vez, de mostrar sua dedicação aos interesses (dos EUA) no Oriente Médio;, afirma Benn.

Ele destaca ainda que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, está do ;lado errado; na opinião de Obama, com sua recusa a aceitar a criação de um estado palestino e sua insistência em manter o ;crescimento natural; dos assentamentos judaicos. ;Netanyahu terá de fazer um discurso em resposta, no qual anuncie uma mudança histórica em sua ideologia e política. Até lá, terá que esperar por um milagre que tire da agenda o discurso do Cairo;, avalia Aluf Benn.

Na visão do diretor do centro de pesquisas Global Research in International Affairs, Barry Rubin, entrentanto, o presidente americano foi ;condescendente demais; com os países islâmicos e jogou com o ;estereótipo; de que o Estado judeu é o problema político central na região. ;Tudo que se refere às necessidades e demandas de Israel não estava no discurso. Enquanto Israel foi acusado de ter violado acordos prévios, com a construção de assentamentos, não houve menção ao fato de os palestinos terem feito o mesmo;, destaca.

Dia D
A Alemanha foi a terceira escala de Obama em sua viagem a quatro países. Neste sábado (06/06), ele participará, na França, das cerimônias em memória dos 65 anos do desembarque aliado na Normandia ; conhecido como o Dia D. Após passarem a noite na suntuosa embaixada americana em Paris, o presidente americano e a primeira-dama, Michelle, serão recebidos para um almoço em Caen pelo colega francês, Nicolas Sarkozy, e sua mulher, Carla Bruni.

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