postado em 07/06/2009 15:19
As eleições para o Parlamento Europeu podem levar a Europa a uma guinada à direita. A crise econômica global está favorecendo os partidos conservadores, de acordo com pesquisas de opinião e de boca de urna, que mostraram os governos de inclinação direitista derrotando a oposição na Alemanha, Itália, França, Bélgica e outros países. Partidos conservadores de oposição estavam empatados ou à frente nas pesquisas no Reino Unido, Espanha e alguns outros países.
Grã-Bretanha, Irlanda, Holanda e outros cinco países da União Europeia votam nos últimos três dias de eleições, enquanto o restante do bloco de 27 países votou hoje. Os resultados destes países devem sair ainda hoje. Nas últimas cinco décadas, o Parlamento Europeu evoluiu de uma legislatura consultiva para um corpo com o poder de votar dois terços de todas as leis da União Europeia. O parlamento conta com 736 cadeiras e os representantes têm mandato de cinco anos.
Na Alemanha, os conservadores de centro-direita da chanceler Angela Merkel tinham a maioria dos votos, de acordo com pesquisas de boca de urna. Com quase todos os votos contados na Áustria, o principal partido de direita ganhava bastante terreno enquanto os Sociais Democratas, o principal partido no governo de coalizão, perdia muitos votos. O maior vencedor foi o Partido da Liberdade, de direita, que tinha 13% dos votos - mais que o dobro de sua votação nas eleições de 2004. Sua campanha era baseada numa plataforma anti-islâmica.
Na Holanda, pesquisas de boca de urna indicavam que o partido anti-islâmico de Geert Wilders ficaria com 15% dos votos do país causando danos à aliança governante entre conservadores e socialistas. Grupos extremistas podem usar seu mandato de cinco anos como plataforma de propaganda, mas não devem afetar a legislação cada vez mais influente do parlamento em assuntos que vão de mudanças climáticas a tarifas de roaming para telefonia celular.
Na França, o Partido UMP do presidente Nicolas Sarkozy vem mantendo a liderança nas pesquisas, com o Partido Socialista em segundo lugar. Na Itália, o Partido da Liberdade, do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, mantinha uma liderança tranquila de dois dígitos sobre o principal partido de centro-esquerda, apesar de o país estar passando por uma grave recessão e do escândalo gerado por um suposto relacionamento entre Berlusconi e uma modelo de 18 anos. "Isso mostra o quanto as forças de centro-esquerda estão divididas no momento. Normalmente, os governos são castigados nas eleições para o Parlamento Europeu", disse o analista Jackie Davis, do Centro Europeu de Política, em Bruxelas.