postado em 08/06/2009 19:59
Um inquérito das Forças Armadas americanas concluiu que houve "problemas" na forma como foram conduzidos bombardeios dos Estados Unidos no Afeganistão em maio passado, que deixaram dezenas de civis mortos, anunciou o Pentágono nesta segunda-feira.
"Houve problemas de tática, de método e de procedimento", informou um porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell, durante entrevista à imprensa.
A investigação mostra que os militares envolvidos nos ataques de 4 de maio não respeitaram as regras e procedimentos destinados a evitar vítimas civis, haviam informado antes à AFP duas autoridades que solicitaram o anonimato.
Esses ataques mataram 140 civis, segundo o governo afegão, e 97, segundo a Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos (AIHRC).
As forças americanas admitem que os ataques de 4 de maio mataram entre "20 e 30 civis", e de 60 a 65 rebeldes.
Bombas de 900 quilos - talvez muito potentes, devido à proximidade dos civis - foram utilizadas durante os bombardeios de 4 de maio, disse uma dessas autoridades.
A investigação sobre o que ocorreu no início de maio no distrito de Bala Buluk, na província de Farah, foi iniciada a pedido do general David Petraeus, comandante das forças americanas na região.
Um bombardeiro B-1 americano envolvido no incidente perdeu, temporariamente, o contato com seu alvo, explicou Morrell, evitando estabelecer um vínculo direto entre o ocorrido e a morte de civis.
"Foi um dos problemas ligados ao caso, e não a causa das baixas civis", disse o porta-voz do Pentágono.
Segundo Morrell, a investigação revelou que "o pessoal no terreno envolvido no incidente se esforçou enormemente para limitar as baixas civis e apontar de onde eram atacados".
As conclusões do inquérito foram apresentadas hoje ao secretário americano da Defesa, Robert Gates.
Segundo o jornal New York Times, que cita um oficial americano, o número de civis mortos no ataque de 4 de maio poderia ser muito inferior se as forças aéreas e terrestres tivessem observado estritamente o regulamento destinado a evitar vítimas civis em operações militares.
"Se tivessem respeitado as regras, seria anulada parte dos ataques aéreos contra meia dúzia de alvos durante sete horas", disse o oficial.
Gates encarregou o futuro comandante das forças aliadas no Afeganistão, general Stanley McChrystal, de revisar a estratégia militar.
Em 2008, a violência matou 2.118 civis afegãos, sendo 39% vítimas das forças pró-governamentais, mortos em bombardeios, segundo as Nações Unidas.