postado em 11/06/2009 08:01
Professor de história judaica e diretor do Centro para Estudos Judaicos da Universidade da Califórnia (Ucla), David Myers afirmou ao Correio que a eleição de Baracl Obama e a crise financeira que assola os Estados Unidos favorecem o surgimento de grupos supremacistas brancos. Na quarta-feira, um homem de 88 anos invadiu o Museu Memorial do Holocausto, em Washington, e matou um segurança.
Que tipo de perigo ou ameaça é representado pelos supremacistas brancos, como James Von Brunn, o homem que atirou dentro do Memorial do Holocausto?
Os supremacistas brancos se integram a grupos mais ou menos radiciais; os mais antigos eram compromentidos com a violência como parte vital de seu ativismo. Uma séri de eventos inter-relacionados tem dado nova força aos supremacistas brancos, incluindo os radicais: a eleição de um afro-americano como presidente dos EUA, a instabilidade econômica no país e no mundo e o escândalo Madoff (que destaca o papel de um judeu no desastre financeiro).
Como o senhor vê esse tiroteio no Memorial do Holocausto? O incidente pode abrir precedentes a outros crimes do gênero?
Ao considerarmos o ponto de vista de James Von Brunn, dificilmente parece acidental que ele tenha escolhido o ataque em uma instituição identificada como "judaica". Muitos supremacistas brancos mantêm a opinião de que o Holocausto é uma fraude impingida no mundo para fazer avançar os interesses particulares dos judeus. Enquanto o Museu do Holocausto não se define como "judaico", ele se engaja em estudar e apresentar a grande tragédia que vitimou os judeus durante a campanha genocida nazista.
Não é uma contradição o fato de uma nação que prega a pluralidade e a igualdade abrigar grupos racistas?
Os Estados Unidos não são uma sociedade perfeita. Nem o Brasil nem nenhuma outra sociedade que eu conheça. As mais iluminadas sociedades da história humana frequentemente tiveram elementos racistas e xenofóbicos. É importante reconhecer que esses elementos se tornam especialmente ativos em épocas de instabilidade socioeconômica como a atual. A ascensão de Barack Obama, que tem inspirado esperança e entusiasmo em milhões, também vem incitando o medo e a conspiração entre racistas e supremacistas brancos. Seria um erro pensar que eles representam algo, mas uma minoria à margem.