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ANÁLISE - Obama abraça o desconhecido

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postado em 13/06/2009 08:48
Barack Obama não esperou a contagem dos votos para estender novamente a mão ao Irã, seja quem for o presidente pelos próximos quatro anos. Fiel ao convite que fez logo após a posse, em janeiro, e renovou no discurso em que ofereceu reconciliação ao mundo islâmico, na semana passada, o presidente americano arriscou uma aposta. Reconheceu de saída a legitimidade do próximo mandatário iraniano, escolhido com participação maciça dos cidadãos, sem que a lisura do pleito tivesse sido questionada por qualquer uma das partes. O risco reside na impossibilidade de contestar, no futuro, a autoridade política de Mahmud Ahmadinejad. Mais ainda, Obama elogiou a intensidade do debate político travado na sociedade iraniana. Se o caminho para o diálogo continuar obstruído, não restará a opção de dirigir-se mais uma vez aos cidadãos do Irã, à margem e por cima de seus líderes, como na mensagem gravada em vídeo por ocasião do ano-novo persa, em fevereiro. À parte os perigos, no entanto, a manobra do presidente americano abre oportunidades. Esvazia também, previamente, o discurso do establishment iraniano sobre a ;arrogância imperial;. Pela primeira vez em 30 anos de República Islâmica, o titular da Casa Branca se referiu ao país pelo nome oficial. E reconheceu como interlocutor válido o vencedor do pleito de ontem, seja quem for. É, à primeira vista, uma maneira atirada de ;engajar; diplomaticamente um desafeto. Recentemente, e mesmo sob o governo Bush, a operação funcionou, por exemplo, com a Líbia de Muammar Kadafi. O sistema político iraniano é incomparavelmente mais complexo que uma ditadura personalizada, por mais central que seja o papel do líder religioso, atualmente o aitolá Ali Khamenei. Obama parece reconhecer essa realidade ao estabelecer com o regime islâmico um diálogo fundado nas instituições, em vez de apostar as fichas em simpatias de ocasião.

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