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Ahmadinejad reivindica reeleição e polícia detém opositores

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postado em 14/06/2009 13:20
TEERÃ - A detenção de opositores e novos protestos aumentaram neste domingo (14/6) a tensão no Irã, após os distúrbios pela contestada reeleição do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad, que disse que os iranianos manifestaram o seu repúdio aos "opressores" que governam o mundo. O principal candidato opositor, Mir Hosein Musavi, fez um apelo para que as manifestações sejam mantidas "de forma pacífica" para pedir uma revisão das eleições que, a seu ver, foram manchadas por irregularidades. Cerca de 170 pessoas, 70 delas consideradas "organizadoras" dos protestos, foram detidas, indicou o subchefe da Polícia, Ahmed Reza Radan, citado pela agência oficial IRNA. No domingo ao meio-dia, novos incidentes eclodiram em Teerã entre cerca de 200 partidários do candidato opositor Mir Hosein Musavi e as forças de segurança, que usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los. À tarde, a Polícia efetuou tiros para o alto para obrigar os manifestantes a recuar em uma avenida da capital. Ahmadinejad, que no final da tarde participará das celebrações por sua reeleição, afirmou que a alta taxa de participação nas eleições (mais de 84% dos eleitores) foi "um duro golpe (...) para o sistema de opressão que governa o mundo". Segundo os resultados oficiais, o atual mandatário, no poder desde 2005, obteve 63% dos votos, contra 34% para Musavi. No sábado, já havia dito que o processo eleitoral foi "totalmente livre" e que havia permitido a ele alcançar uma "grande vitória". Musavi, um ex-primeiro-ministro conservador moderado, denunciou irregularidades "claras e numerosas" em uma eleição "manipulada" e advertiu para o risco de o Estado clerical instaurado há três décadas pela Revolução Islâmica se transformar em uma tirania. Ahmadinejad, de 52 anos, recebeu no sábado o apoio do aiatolá Ali Khamanei, líder supremo e maior nome da hierarquia do Estado iraniano, que saudou a reeleição e pediu ao país que se una em torno do presidente. Os protestos de sábado provocaram violentos enfrentamentos entre manifestantes e policiais em Teerã. A capital não vivia atos de violência desta magnitude desde os distúrbios estudantis de julho de 1999. A eleição tornou evidentes as profundas divisões do país. Ahmadinejad tem seu principal apoio no coração rural do país e entre os pobres, enquanto as grandes cidades, os jovens e as mulheres são a base de Musavi. A reeleição frustrou as esperanças ocidentais de uma mudança na cúpula do poder iraniano, após quatro anos de tensões devido às supostas intenções de Ahmadinejad de produzir a arma atômica na República Islâmica e por seu discurso contra Israel. Em suas declarações deste domingo, o presidente reiterou a sua rejeição em iniciar as negociações nucleares, assegurando que esse debate "é coisa do passado". O vice-presidente norte-americano Joe Biden disse neste domingo que há "uma enorme dúvida" sobre o resultado das eleições iranianas. França e Alemanha expressaram sua preocupação com a violenta repressão dos protestos. Israel pediu que se ponha fim "ao terrorismo iraniano". Os países e movimentos amigos do Irã -Síria, Venezuela, o movimento islâmico palestino Hamas e o Hezbollah libanês- felicitaram o atual presidente iraniano por sua reeleição.

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