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Brasil, Rússia, Índia e China reúnem seus líderes para dar forma ao Bric

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postado em 16/06/2009 08:21
Oito anos depois de terem sido agrupados sob a sigla Bric, Brasil, Índia, Rússia e China vão ter o primeiro encontro formal entre seus líderes em uma cúpula própria. Hoje, o presidente Luiz Inácio lula da Silva se reunirá com os colegas Dmitri Mdvedev e Hu Jintao e com o premiê indiano, Manmohan Singh, em Ekaterimburgo, na Rússia, para discutir questões da ;agenda global; e, acima de tudo, tentar dar um formato definido ao grupo. Para o Brasil, o momento servirá também para pleitear mais uma vez apoio à pretensão de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, bem como para mostrar aos parceiros modelos energéticos de sucesso. ;Temos de perceber que o Bric está em gestação. É a primeira vez que os chefes de estado vão se sentar (para falar sobre o grupo). Esse encontro será emblemático, porque dará início a todo um processo;, disse ao Correio o diretor do Departamento de Mecanismos Regionais do Itamaraty, embaixador Gilberto Moura. Segundo o diplomata, o governo brasileiro espera ver sair de Ekaterimburgo um grupo com formato mais institucional, o que permitiria aos Brics estabelecer um cronograma de encontros ; não só entre chefes de Estado, mas entre ministros de diversas áreas e grupos de trabalho. Moura ressaltou, no entanto, que o grupo Bric é diferente por não se tratar de uma ;plataforma de negociação;. ;Ele é um fórum de convergência, o que significa que nunca serão tratados temas que sejam difíceis para os países, ou que possam causar resistência;, afirmou. O diplomata também lembra que, principalmente por não ter sido resultado de uma iniciativa própria, o grupo não tem uma característica de ;contestação; da ordem mundial. ;O que vai ser feito é um trabalho de verificar esses pontos de convergência e como eles podem ajudar diante dos principais pontos da agenda internacional.; Peso econômico Diante do fato de estarem reunidos países que, juntos, representaram 15% da economia mundial em 2008, o tema econômico será um dos mais importantes nas poucas horas em que os quatro líderes ficarão reunidos. Para o Brasil, cujo comércio com os países do grupo teve um aumento de 400% nos últimos cinco anos, a questão é mais do que importante. Segundo fontes do Planalto, o presidente Lula pretende divulgar na cúpula sua ;agenda anticrise;, com sugestões para o sistema financeiro global. A reforma de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) também deverá ser abordada pelos chefes de Estado (leia abaixo). Há duas semanas, o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Roberto Mangabeira Unger, adiantou que os quatro países devem debater o futuro do dólar como moeda de referência nas transações comerciais. O Itamaraty, no entanto, vê com reticência essa possibilidade. ;Esse tema vai exigir um pouco mais de reflexão entre os quatro. Sabemos que a China tem grandes reservas e, para ela, qualquer alteração dessa natureza pode ter um impacto muito específico;, observou Moura. Após o encontro de Lula com Hu Jintao, no último mês, os dois países começaram a fazer operações de compensação de moedas sem o uso do dólar, em caráter experimental. Vitrine O governo brasileiro tem visto a cúpula como uma oportunidade também de mostrar aos três gigantes o que o país a oferecer. Para isso, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, resolveu integrar a comitiva de Lula uma escala antes do Cazaquistão (para onde o presidente segue amanhã). As experiências de sucesso no Brasil com os biocombustíveis e até mesmo as hidrelétricas serão apresentadas à Rússia, Índia e China ; essa última responsável pelo consumo de 15% de toda a energia gerada no mundo em 2006. O país também deverá mostrar, agora diante de dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que tem cacife suficiente para se tornar também um integrante do seleto grupo. ;Rússia e China nos veem como um parceiro importante, um país importante no cenário mundial;, disse Moura, limitando-se, no entanto, a admitir que os dois governos se mostram favoráveis à reforma do Conselho de Segurança, mas sem expressar apoio a um ou outro país.

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