Agência France-Presse
postado em 21/06/2009 19:59
Nuuk: A Groenlândia celebrou, neste domingo (21/06), um novo capítulo de sua história com o acesso a uma autonomia ampliada em relação à Dinamarca, que reconheceu seu direito de autoderminação e de exploração de seus recursos naturais.
Esta é a última etapa para a independência desta ilha estratégica do Ártico sob a hegemonia dinamarquesa há mais de 300 anos.
Na capital Nuuk, milhares de habitantes se reuniram no porto colonial, onde desembarcaram em 1721 os primeiros colonos dinamarqueses.
Eles festejam o momento histórico com a família real dinamarquesa, o governador e o parlamento e, ante os convidados estrangeiros, todos cantaram o hino inuit e ovuiram o discurso do chefe do governo local, Kuupik Kleist.
Segundo Kleist, este estatuto de autonomia ampliada é o reconhecimento de que uma pequena sociedade (57.000 habitantes para um território de 2,2 milhões de km2, ndlr) hoje é colocada em pé de igualdade com as demais nações.
Durante uma coletiva de imprensa conjunta com Kleist, o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Loekke Rasmussen, aplaudiu este novo capítulo da história groenlandesa. "O futuro da Groenlândia está nas mãos dos groenlandeses", afirmou.
O aspecto mais importante dste novo estatuto, aprovado por 75,5% dos eleitores em referendo realizado em novembro passado e negociado durante durante anos com a metrópole dinamarquesa, dá direito aos groenlandeses sobre a gestão de seus próprios recursos naturais (petróleo, gás, ouro, diamantes, urânio, zinco e chumbo).
Segundo as estimativas americanas, a ilha tem importantes reservas de hidrocarbonetos, em particular no Polo Norte. O aquecimento climático poderá facilitar a prospecção e a exploração desses recursos.
A Groenlândia, com 10% das reservas planetárias de água doce, é o território mais ameaçado pelo aquecimento do Ártico e seu principal recurso, a pesca, está particularmente afetado.