postado em 22/06/2009 13:12
TEERÃ - A polícia antidistúrbio iraniana atacou nesta segunda-feira (22/6) centenas de manifestantes com gás lacrimogêneo e fez disparos para o alto a fim de dispersar um protesto no centro de Teerã. Testemunhas contaram que helicópteros sobrevoavam a área da Praça Haft-e-Tir, enquanto aproximadamente 200 manifestantes se reuniam. Porém, centenas de policiais rapidamente encerraram o ato e dispersaram os grupos, inclusive os de poucas pessoas. A Guarda Revolucionária do Irã fez uma dura advertência aos manifestantes sobre a repressão aos protestos.
Na estação de metrô de Haft-e-Tir, segundo testemunhas, a polícia não permitia que as pessoas ficassem paradas, avisando que deveriam caminhar, e separava grupos que andavam juntos. As testemunhas falaram sob condição de anonimato, por temeram represálias. "Há uma grande, grande, grande presença policial", afirmou uma iraniana. "A presença deles é realmente intimidante".
O regime do Irã afirma que pelo menos 17 pessoas morreram durante os protestos, após o presidente Mahmud Ahmadinejad ser declarado vencedor da eleição realizada no último dia 12. A oposição, liderada pelo reformista Mir Hossein Moussavi, reclama de fraudes.
O Conselho dos Guardiães, que tem entre suas funções o monitoramento das eleições, informou hoje que encontrou vestígios de irregularidades em 50 distritos (de um total de 360) do país, onde o número de votos excedeu o de eleitores. No entanto, como os eleitores iranianos podem votar fora de seu distrito, não é possível afirmar que a informação configure a fraude. O conselho afirmou que investigará os problemas, mas ressaltou que a proporção de votos que podem ter sido alterados, de 3 milhões, não mudaria o resultado final. Ahmadinejad foi reeleito em primeiro turno.
Moussavi pediu ontem a continuação dos protestos, desafiando uma ordem do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. "O país pertence a vocês", afirmou Moussavi, em seu último comunicado. "Protestar contra mentiras e fraudes é seu direito".