Agência France-Presse
postado em 23/06/2009 08:38
LONDRES - O noivo da iraniana que morreu nas manifestações de sábado em Teerã, Neda Agha-Soltan, e se tornou símbolo dos protestos, provocando uma onda de indignação na internet, acusou a milícia basij, que apoia o presidente Mahmud Ahmadinejad, pelo crime.
[SAIBAMAIS]"Ela estava a algumas ruas do local em que as principais manifestações aconteciam, perto do bairro de Amir Abad. Ela estava com seu professor de música, sentada em um carro e bloqueada nos engarrafamentos", contou Caspian Makan, noivo de Neda Agha-Soltan.
"Estava muito cansada e sentia muito calor. Ela saiu do carro por alguns minutos. Foi então que atiraram", completou em uma entrevista à BBC Persian TV, canal em idioma farsi da rádio e televisão britânica BBC, com sede em Londres e exibido no Irã.
Um vídeo disponibilizado na internet provocou revolta mundial. As imagens mostram a jovem deitada na calçada, com o rosto repleto de sangue e os olhos abertos.
Várias pessoas pressionam o peito da jovem, em uma tentativa de deter a hemorragia. Alguém fala: "Neda, não tenha medo", em seguida as palavras são abafadas pelos gritos. "Neda, acorda, acorda", outra pessoa fala. As imagens da morte de Neda se tornaram um ícone do protesto.
"Alguns depoimentos e imagens do vídeo mostram claramente que são provavelmente os basij vestidos como civis os que atiram deliberadamente", acusou o noivo, em uma referência à temida milícia que dá apoio ao presidente Mahmud Ahmadinejad, cuja reeleição é questionada pelos manifestantes. "Algumas testemunhas afirmam que ela foi tomada claramente como alvo e recebeu tiros no peito. Ela morreu em poucos minutos", contou.
Desde o início dos protestos no Irã, pelo menos 17 pessoas morreram, de acordo com a imprensa oficial.