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Obama endurece tom contra Irã, mas nega intervenção dos EUA

Agência France-Presse
postado em 23/06/2009 16:35
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou nesta terça-feira (23/6) a repressão violenta do governo iraniano aos manifestantes que contestam o resultado das últimas eleições, ao mesmo tempo em que negou as acusações de interferência feitas por Teerã, afirmando que respeita a soberania do país. Em entrevista coletiva, em Washington, Obama disse que existem dúvidas sobre a legitimidade das eleições no Irã. [SAIBAMAIS]Destacou que não havia observadores internacionais acompanhando de perto um pleito que, oficialmente, teria sido vencido pelo atual presidente Mahmoud Ahmadinejad. Obama homenageou a "coragem" dos manifestantes, trazendo à lembrança "a imagem supreendente de uma mulher sangrando até a morte nas ruas", em referência a Neda Agha-Soltan, morta durante os protestos, e que vem motivando uma onda de emoção na internet. "Não podemos dizer exatamente o que aconteceu nas seções de votação através do país. O que sabemos é que existe uma considerável porcentagem da sociedade iraniana que considera esta eleição ilegítima", declarou. Obama também afirmou que a legitimidade da reeleição do conservador Mahmoud Ahmadinejad levanta "questionamentos sérios". "Os Estados Unidos e a comunidade internacional ficaram apavorados e chocados pelas ameaças, pela violência e as prisões em curso nos últimos dias (no Irã). "Condeno energicamente estes atos injustos, e me uno ao povo americano que lamenta cada uma das vítimas inocentes", indicou Obama, em seu discurso mais firme desde as eleições iranianas, no dia 12 de junho. Os Estados Unidos têm "dúvidas importantes" sobre a legitimidade das eleições no Irã, acrescentou o presidente. No entanto, "deixo claro que os EUA respeitam a soberania da República Islâmica do Irã, e não vão intervir nos assuntos do Irã", afirmou. Obama lamentou que o governo iraniano acuse "os Estados Unidos e outros (países ocidentais) de estarem por trás das manifestações de rua realizadas depois das eleições presidenciais". O presidente americano pediu a Teerã que "governe por consenso, não pela força", referindo-se à violenta repressão que marcou os protestos no Irã, e que deixou pelo menos 17 mortos, uma centena de feridos e centenas de detidos. O governo iraniano descartou nesta terça-feira a possibilidade de anulação das polêmicas eleições presidenciais, e anunciou que o presidente reeleito e seu gabinete assumirão suas funções entre 26 de julho e 19 de agosto. Até hoje, Obama vinha mantendo uma postura mais prudente ao falar da crise iraniana, demonstrando uma leve simpatia pelos manifestantes e deixando claro seu desejo de não intervir em assuntos internos iranianos, num momento em que os EUA tentam iniciar um diálogo com Teerã. A condenação da repressão por parte de Obama coincide com as do alto representante para a política externa da União Europeia, Javier Solana, e de representantes de Israel e da Itália, que criticaram duramente o regime iraniano.

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