Mundo

Eleição na Argentina: até o casal Kirchner aposta na mudança

Às vésperas da disputa legislativa, oposição e governo cortejam a insatisfação dos cidadãos

postado em 26/06/2009 08:00

;Mudança; virou o slogan do momento na Argentina. No próximo domingo, o país celebra eleições legislativas para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. As principais correntes políticas, começando pelos próprios governistas, utilizam a palavra como carro-chefe de campanha. O Partido Justicialista (PJ, peronista), da presidenta Cristina Kirchner, tem ainda a maioria nas duas casas. No entanto, essa posição política confortável está ameaçada: em uma pesquisa de opinião pública para o jornal La Nación, o Instituto Poliarquía averiguou que a imagem positiva de Cristina caiu cerca de 70%. Ela vem perdendo popularidade desde que tentou aumentar os impostos sobre exportações agrícolas, no ano passado. Para piorar, teve ainda de enfrentar o impacto da crise financeira mundial. Não foi à toa que os justicialistas, liderados pelo marido da presidenta, Néstor Kirchner, reciclaram o lema vitorioso da campanha presidencial de 2007 ; ;a mudança acaba de começar; ; para ;a verdadeira mudança é a que nós fazemos;. Na província de Buenos Aires, principal colégio eleitoral do país, a frente de oposição composta pelo peronismo dissidente e pela União-Pro, encabeçada pelo empresário Francisco de Narváez, optou por perguntar aos eleitores: ;E se a mudança começa um dia?; O anúncio em vídeo mostra uma série de eleitores levando tapas na cara. ;Se continuar assim, vai doer;, avisa o anúncio, numa referência às políticas do governo. Já a União Cívica Radical, adversária histórica do peronismo, prega ;a mudança segura;, após mostrar vários eleitores atrás das grades, ;arrependidos por terem confiado em Kirchner e em seus governadores;. Margarita Stolbizer será a principal candidata do radicalismo para a província de Buenos Aires. Inaugurações O que não muda são as táticas para disputas os últimos de votos a uma semana das eleições. Apesar de estar proibida pelo código eleitoral argentino de participar em eventos públicos que possam confundir-se com campanha, Cristina fechou uma agenda lotada de inaugurações de obras, desde um hotel reformado do Sindicato dos Ferroviários até a ampliação de uma fábrica de tapetes. ;Foi-se o tempo em que nos queriam convencer de que só o mercado decidia e o Estado era quase um estorvo à atividade econômica;, disse na inauguração de uma unidade elétrica da Petrobras na terça-feira, na cidade de Marcos Paz, na Grande Buenos Aires. Segundo os números da pesquisa da Poliarquía, o governo precisará ser muito convincente na reta final para ganhar os 15% de eleitores indecisos em todo país e não perder a hegemonia no Congresso. Na principal província argentina, as projeções indicam que Narváez obteria 32,5% dos votos, Néstor Kirchner 30% e Margarita, 13,2%. Como já dizia o escritor argentino Jorge Luís Borges, ;a democracia é um lamentável abuso das estatísticas;.


Veja vídeos da campanha legislativa na Argentina mostram a estratégia dos principais partidos para conquistar os últimos indecisos




Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação