Agência France-Presse
postado em 30/06/2009 16:00
Uma menina de 14 anos, sobrevivente do acidente do Airbus A310 da companhia Yemenia que caiu no Oceano Índico com 153 pessoas a bordo, foi hospitalizada nesta terça-feira em Moroni, a capital do arquipélago dos Comores.
O estado dela "não é preocupante", afirmou por telefone à AFP a porta-voz do Crescente Vermelho comorense, Ramulati Ben Ali.
Mais cedo, vários médicos comorenses anunciaram que uma criança de cinco anos havia sido resgatada "boiando no mar", sem dar mais detalhes.
No entanto, segundo Ben Ali, apenas um sobrevivente foi encontrado pelos socorristas até o momento.
"Corpos flutuando na superfície foram vistos e resgatados, assim como uma mancha de óleo a 16 ou 17 milhas (cerca de 29 km) de Moroni", informou à agência Sanaa um funcionário da Aviação Civil iemenita, Mohammad Abdel Kader, sem precisar os motivos do acidente.
O A310 da Yemenia embarcou seus passageiros em Sanaa, no Iêmen, rumo a Moroni, com escala em Djibuti. De acordo com as autoridades francesas, 45 comorenses e 66 franceses embarcaram em Paris e Marselha (sul da França), antes de trocar de avião em Sanaa.
O estado do aparelho da Yemenia, que operava há 19 anos, vem sendo motivo de polêmica.
O A310-300 fora "excluído" do solo francês "há alguns anos", porque "considerávamos que apresentava diversas irregularidades em seus equipamentos", informou o secretário de Estado francês para os Transportes, Dominique Bussereau.
"É possível transportar em condições normais passageiros a partir do território francês e colocá-los em seguida em um avião que não apresenta todas as garantias de segurança?", perguntou Bussereau ante da Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados) em Paris.
Entretanto, o mministro iemenita dos Transportes, Khaled al-Wazir, garantiu à AFP que o avião não tinha nenhum problema técnico específico.
O aparelho "passou por uma revisão em maio deste ano, e fazia frequentemente viagens à Europa. Voou para Londres na semana passada", declarou o ministro por telefone.
A Yemenia estava sob vigilância na União Europeia, mas evitou no ano passado sua inscrição na lista negra das companhias perigosas.
"A companhia Yemenia não cumpre com algumas normas de segurança, e estas falhas foram detectadas pelas autoridades competentes de França, Alemanha e Itália", escreveu a Comissão Europeia em relatório publicado em julho de 2008.
Bruxelas quer normas de segurança mundiais para o transporte aéreo, e vai avaliar as necessidades das companhias não europeias, anunciou na noite desta terça-feira o comissário europeu dos Transportes, Antonio Tajani.
Um avião avistou pela manhã a fuselagem do aparelho, destroços e rastros de combustível a alguns quilômetros do litoral de Comores.
"Corpos boiando no mar e um rastro de combustível foram vistos a 16 ou 17 milhas (cerca de 29 km) de Moroni", informou, por sua vez, Mohammad Abdel Kader, um alto funcionário da Aviação Civil iemenita, sem especificar os motivos do acidente.
"O contato com o voo 626 da Yemenia, que decolou segunda-feira às 21H45 (15H45 de Brasília), foi perdido nesta terça-feira a 01H51 (19H51 de segunda-feira, hora de Brasília)", explicou, destacando que "as condições meteorológicas estavam péssimas, com ventos de 61 nós".
De acordo com testemunhas no aeroporto de Moroni, o avião pareceu iniciar sua manobra de aproximação para pousar, antes de arrancar de repente e desaparecer.
"Vi o avião se aproximar antes de ir embora de repente, não entendi", comentou o ex-ministro comorense da Defesa, Humed Msaidié, entrevistado pela AFP no aeroporto, onde fora receber um parente.
O acidente aconteceu menos de um mês após a queda do A330 da Air France entre Rio de Janeiro e Paris, com 228 pessoas a bordo.