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Rússia e EUA chegam a acordo para enfrentar talibãs no Afeganistão

postado em 06/07/2009 16:40
Os Estados Unidos e a Rússia assinaram nesta segunda-feira (6/7) um acordo básico sobre o trânsito de armas e de soldados americanos em direção ao Afeganistão através da Rússia, com Moscou querendo evitar que a guerilha islamita se propague à Ásia Central.

O acordo, rubricado durante visita a Moscou do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, permite 4.500 vôos americanos por ano, através do espaço aéreo russo para encaminhar ao Afeganistão a quase totalidade de tropas, assim como armas, munições e veículos. Um documento anterior não permitia a passagem de material bélico por território russo.

Com a iniciativa, os Estados Unidos não vão precisar pagar custos adicionais de navegação nem precisar fazer escala em território russo, destacou um alto representante do governo americano, que não quis ser identificado. Washington ainda economizará 133 milhões de dólares por ano e um tempo precioso no transporte de soldados e equipamentos.

No entanto, se a Rússia ainda demonstra divergências com a diplomacia americana sobre inúmeros assuntos, também não tem interesse em ver os Estados Unidos deixarem prematuramente o palco afegão. "Saudaremos os esforços empreendidos pelos Estados Unidos e outros países para afastar a ameaça terrorista ainda proveniente, infelizmente, da terra afegã", declarou o presidente russo, Dmitri Medvedev, durante entrevista à imprensa com Obama.

"É um dos poucos problemas em que os interesses são muito próximos e, inclusive, coincidem", destaca Fiodor Lukianov, redator-chefe da revista Russia in Global Affairs.

A Rússia teme que os talibãs se aproximem de suas fronteiras e da Ásia Central ex-soviética, onde Moscou mantém interesses cruciais como infraestruturas militares ou o acesso a gigantescas reservas de hidrocarbonetos. "A Rússia não é amiga dos talibãs, já tem seus problemas com uma insurreição islamita no Cáucaso norte", estima, por sua vez, o analista militar russo Pavel Felguenhauer.

"Há um consenso na Rússia sobre o fato de que a operação dos Etados Unidos no Afeganistão já estar perdida por antecedência, mas quanto mais os americanos ficam aí, mais afastam a ameaça de nossas fronteiras", estima o analista militar Pavel Felguenhauer.

Os Estados Unidos pretendem utilizar estas novas vias para os movimentos de quase todos os soldados americanos indo para, ou deixando o Afeganistão, frisou ele.

O acordo também é significativo politicamente porque Obama transformou a guerra no Afeganistão em uma de suas grandes prioridades internacionais e associou a Rússia a este esforço, num momento em que os dois países trabalham para melhorar relações fortemente abaladas durante a presidência de George W. Bush.

A maior abertura do espaço aéreo russo é mais uma expressão do apoio "já importante" da Rússia no Afeganistão, observou a Casa Branca, qualificando Moscou de "membro precioso" da coalizão internacional naquele país.

O acordo anunciado nesta segunda-feira permitirá aos Estados Unidos diversificar as vias de transporte para os movimentos de tropas e material para o Afeganistão, ressaltou a presidência americana. O acordo, que ainda tem que ser ratificado pelo Parlamento russo, deve entrar em vigor 60 dias após sua assinatura, nesta segunda-feira. Tem validade de um ano, mas será prorrogado automaticamente se as duas partes estiverem de acordo.

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