Agência France-Presse
postado em 06/07/2009 22:27
Robert McNamara, secretário da Defesa dos presidentes John Fitzgerald Kennedy e Lyndon Johnson que faleceu nesta segunda-feira aos 93 anos, foi um dos mais ferrenhos defensores da intervenção norte-americana no Vietnã, antes de assumir seu erro.No comando do Pentágono de 1961 a 1968, ele chegou na época a reivindicar o nome de "guerra de McNamara" para o conflito no Vietnã. "Considero esta guerra muito importante, e estou satisfeito de ter meu nome associado a ela e de fazer todo o possível para ganhá-la", escreveu ele em 1964.
Nascido em 9 de junho de 1916 em Oakland, na Califórnia (oeste dos EUA), Robert Strange McNamara estava no meio de uma brilhante carreira no setor industrial quando o presidente Kennedy o chamou para ocupar um cargo em seu governo.
Formado em economia, matemática e filosofia na Universidade de Berkeley (Califórnia), ele tinha acabado de ser nomeado para a presidência da montadora Ford, um cargo nunca ocupado antes por uma pessoa de fora da família fundadora do grupo.
Em novembro de 1960, Kennedy, que acabara de vencer a eleição presidencial, lhe ofereceu o Tesouro ou a Defesa. McNamara escolheu o segundo, no momento do auge da Guerra Fria.
Enérgico, brilhante, às vezes arrogante, McNamara era considerado uma peça-chave do governo Kennedy. Seus colaraboradores diziam que seu cérebro era um computador.
Em 1962, quando surgiu a crise dos mísseis em Cuba, ele recomendou a Kennedy a invasão da ilha comunista dentro de um prazo máximo de 36 horas, alertando para o risco de escalada nuclear com a Rússia.
Sob sua direção, a presença militar dos Estados Unidos foi reforçada, com o número de soldados passando de algumas centenas no início dos anos 60 a 17.000 em 1964 e a quase meio milhão em 1967.
Quando deixou o Pentágono, 16.000 militares americanos tinham morrido no Vietnã. No fim da guerra, sete anos depois, o balanço total do conflito se estabeleceu a quase 58.000 vítimas do lado americano e três milhões do lado vietnamita, tanto no norte como no sul.
Depois da aposentadoria, o ex-secretário da Defesa admitiu ter cometido erros.
"Erramos, e erramos feio", confessou McNamara em um livro de memórias publicado em 1995, intitulado "A tragédia e as lições do Vietnã".
Em 1967, ele começou a duvidar que a vitória era possível e pediu ao presidente Johnson que negociasse a paz.
Johnson afastou McNamara do Pentágono e o nomeou à presidência do Banco Mundial (Bird), um posto que ocupou durante 13 anos, até 1981.
Nestes 13 anos, ele ficou conhecido como um ferrenho defensor dos países em desenvolvimento. Durante seus mandatos, a verba do Bird passou de 1 a 12 bilhões de dólares em empréstimos, e os efetivos da instituição foram multiplicados por dois.
"McNamara chegou ao Banco Mundial com grande energia, coragem e dinamismo, assim como com a convicção de que os problemas do mundo em desenvolvimento podiam ser resolvidos", segundo a biografia do ex-secretário da Defesa publicada pela instituição.
Robert McNamara se casou com Margaret Craig em 1940. Ela morreu de câncer em 1981. O casal teve três filhos, duas meninas e um menino. Em 2004, com 88 anos, ele casou novamente, com Diana Masieri Byfield, uma viúva de origem italiana.
Ele escreveu uma dezena de livros sobre a defesa e o desenvolvimento.