Mundo

Violência explode entre minoria uigur e forças de segurança na China

postado em 07/07/2009 08:05

Enquanto o presidente da China, Hu Jintao, era recebido com honras militares na Itália, seu governo contabilizava os mortos no confronto entre manifestantes da minoria étnica uigur ; muçulmanos de língua turca ; e as forças policiais na província de Xinjiang, no extremo noroeste do país. Segundo dados oficiais, 156 pessoas morreram (entre elas 27 mulheres) e 1.080 ficaram feridas nos protestos do último domingo, quando cerca de 3 mil pessoas saíram às ruas da capital regional, Urumqi, para reivindicar uma resposta dura ao assassinato(1) de dois uigures há menos de uma semana. Ontem, a população de Xinjiang ficou sem acesso à internet durante todo o dia, enquanto moradores de Pequim e Xangai não conseguiam acessar sites como o Twitter.

Hu preferiu não tecer comentários sobre a manifestação, mas o chefe do Partido Comunista em Urumqi, Li Xhi, e o chefe do governo regional, Nur Bekri, culparam ;forças externas; pela manifestação e, consequentemente, pelas mortes. ;Foi um crime violento premeditado e organizado;, disse Nur em um discurso transmitido pela televisão. ;Depois do incidente (as duas mortes da semana anterior), forças externas acharam um motivo para nos atacar, incitando esses protestos de rua;, acusou. O governo culpa líderes uigures exilados e até grupos radicais islâmicos que atuam em países vizinhos (entre eles o Paquistão) de conspirar com a população da província.

A organização Congresso Mundial Uigur (WUC, na sigla em inglês), que reúne os exilados da etnia em todo o mundo, rebateu as acusações, dizendo que nem o grupo nem a líder uigur Rebiya Kadeer, que vive em Washington, têm relação com o protesto. ;O WUC condena da forma mais firme a repressão brutal ao protesto pacífico de jovens uigures em Urumqi pelas forças de segurança chinesas;, diz um comunicado publicado no site da organização. O texto traz uma declaração de Rebiya responsabilizando integralmente o governo chinês: ;As autoridades devem reconhecer que sua incapacidade para tomar qualquer ação significativa e punir a máfia chinesa pelo brutal assassinato (de dois trabalhadores uigures) é a verdadeira causa desse protesto;.



Acusações
Segundo Pequim, os manifestantes, que teriam motivação principalmente separatista, quebraram e saquearam lojas, viraram carros, atearam fogo em ônibus e edifícios e ;atacaram inocentes com facas, bastões de madeira, tijolos e pedras; no centro da capital regional. O Congresso Mundial Uigur, por sua vez, acusou o governo de enviar quatro tipos diferentes de policiais para reprimir o protesto ;com gás lacrimogêneo, espingardas automáticas e veículos blindados;. ;Durante a repressão, alguns foram fuzilados e outros foram espancados até a morte pela polícia chinesa. Alguns manifestantes foram atropelados por veículos blindados perto da Universidade de Xinjiang, segundo testemunhas;, descreve o WUC.

Por meio de sites de relacionamento e blogs, imagens e vídeos dos violentos confrontos circularam pelo mundo todo nas horas seguintes ao massacre. O governo chinês bem que tentou cessar a divulgação de qualquer informação que não fosse oficial, restringindo o acesso à internet em Xinjiang. Entretanto, em 24 horas, mais de 3 mil pessoas já haviam assistido a vídeos da manifestação no Youtube.


1- O ESTOPIM
No último dia 25, dois trabalhadores uigures foram mortos numa briga em uma fábrica na província de Cantão, no sudeste da China. Desde então, a minoria uigur, que se concentra no extremo noroeste, cobra uma reação mais dura do governo central ao que denuncia como uma ;agressão mafiosa;.
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