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EUA extraditam homem forte da última ditadura militar boliviana

Agência France-Presse
postado em 09/07/2009 15:47
O homem forte da última ditadura militar boliviana, o ex-coronel Luis Arce Gómez, chegou nesta quinta-feira a La Paz, extraditado pelos Estados Unidos, para cumprir uma condenação de 30 anos de prisão por crimes contra os direitos humanos. O ex-militar de 70 anos foi uma das principais figuras da ditadura do ex-presidente Luis García Meza, um general do Exército que governou o país com mão-de-ferro entre 1980 e 1981 e que também cumpre condenação em uma penitenciária de segurança máxima de La Paz. Arce Gómez esteve vinculado na década de 80 ao narcotráfico e teve a seu serviço o falecido criminoso de guerra nazista Klaus Barbie, quem - com grau de oficial do exército boliviano - organizou o temido grupo paramilitar "Noivos da morte", o eixo repressor da oposição de esquerda que também assumiu o controle do tráfico de cocaína. Conhecido, por isso, pela alcunha de 'ministro da cocaína', Arce Gómez voltou ao país numa cadeira de rodas e levado imediatamente para ser submetido a exames médicos. Depois deve ser transferido para a penitenciária de Chonchocoro, nos Andes bolivianos, a 3.800 m de altitud e a 30 km de La Paz, onde pará sua condenação, segundo informou o vice-ministro do Interior, Marcos Farfán. Meza também cumpre pena nessa prisão desde 1995. O ex-militar foi expulso da Bolívia depois de cumprir condenação por tráfico de drogas numa prisão de Miami, para onde foi enviado em 1989 por ordem do então presidente boliviano Jaime Paz. O presidente boliviano Evo Morales saudou a extradição do militar e pediu a Washington que atue de forma similar com o ex-presidente liberal Gonzalo Sánchez de Lozada, refugiado nos Estados Unidos e a quem a justiça boliviana acusa de genocídio e peculato. Sánchez de Lozada é processado à revelia pela morte de 65 pessoas na repressão contra uma rebelião popular de uma semana, que resultou em sua demissão em outubro de 2003. Em Miami, Michael Rozos, diretor do departamento de detenções e traslados da agência de Imigração americana (ICE), assegurou que "o governo americano continuará trabalhando incansavelmente para identificar, prender e tirar dos Estados Unidos pessoas que cometeram crimes contra a humanidade no exterior, de maneira que possam ser levados à justiça". "Espero que a deportação de Arce-Gomez leve justiça às pessoas na Bolívia que foram vítimas dos repreensíveis atos cometidos por este homem", afirmou Rozos,

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