postado em 10/07/2009 20:03
Os líderes do G8 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) encerraram nesta sext - eira a cúpula na cidade de L´Aquila, na Itália, após três dias de deliberações sobre temas que vão da crise econômica mundial às mudanças climáticas, passando pelo polêmico programa nuclear iraniano.
Um uma das decisões mais fortes, os líderes mundiais sinalizaram a morte do G8, dizendo que apenas um fórum que inclua as maiores economias em desenvolvimento teria legitimidade para tomar decisões globais importantes.
"Uma coisa que é absolutamente verdade é que parece ser errado pensarmos que podemos de alguma forma lidar com alguns desses desafios globais sem grandes potências como China, Índia e Brasil", disse a jornalistas o presidente norte-americano, Barack Obama.
Na atual reunião, o G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Rússia e Canadá) convidou os integrantes do G5 (China, Índia, Brasil, México, África do Sul) mais o Egito para participar das conversas. Espontaneamente, criou-se o chamado G14.
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, acha que esse novo grupo pode se transformar em um fórum dominante para discussões em nível internacional. "No que me diz respeito, o G14 é o formato com que no futuro teremos a melhor possibilidade de tomar as decisões mais importantes sobre a economia global, e não somente isso", disse.
A seguir, um resumo dos principais acordos fechados ao longo desta semana: *Mudanças climáticas*: O G8 estabeleceu para seus membros a meta de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 50% até 2050, indicando que os países desenvolvidos arcariam com a maior parte disto.
Além disso, a cúpula decidiu limitar o aquecimento global em 2 graus Celsius, em uma resolução conjunta com países emergentes como China e Índia.
No entanto, os líderes não conseguiram explicar de que modo alcançariam estes objetivos, e tampouco indicaram formas de ajudar os países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas.
Apesar das declarações do presidente americano, Barack Obama, afirmando que a cúpula havia alcançado um consenso histórico, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lamentou que o G8 tenha perdido uma "oportunidade única" de progredir antes da conferência global do clima que acontecerá em dezembro em Copenhage.
*Crise financeira*: Os líderes do G8 identificaram alguns "sinais de estabilização", incluindo a recuperação dos mercados financeiros, mas alertaram para "riscos significativos que ainda ameaçam a estabilidade econômica e financeira".
Houve pouco consenso, no entanto, sobre os próximos passos necessários; "estratégias de saída vão variar dependendo das condições econômicas e das finanças públicas", indicou o G8 em sua declaração final depois da cúpula.
A Rússia, por sua vez, estimou que os países estão divididos sobre se já chegou a hora de planejar estratégias de saída e tirar o foco das medidas de estímulo.
*Comércio*: Os líderes do G8 e das seis maiores economias emergentes fizeram um apelo contra o protecionismo, para amortecer o impacto da desaceleração global.
"Confirmamos nosso compromisso de manter e promover o livre mercado e combater toda forma de protecionismo no comércio e no investimento", apontaram na declaração conjunta.
O G14 também disse estar "comprometido em buscar uma conclusão ambiciosa e equilibrada para a Rodada de desenvolvimento de Doha em 2010", referindo-se às emperradas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) que começaram no Qatar em 2001.
*Segurança alimentar*: O G8 lançou um programa de US$ 20 bilhões de estímulo à produção de alimentos, mudando o foco da ajuda humanitária para a autoajuda de povos necessitados.
Os Estados Unidos anunciaram uma contribuição de US$ 3,5 bilhões para a iniciativa, que será desenvolvida ao longo dos próximos três anos. Outros países doadores foram Canadá, França e Japão.
"Acreditamos que o objetivo da ajuda deva ser criar condições nas quais não seja mais necessário ajudar as pessoas, que se tornarão autossuficientes, proverão suas famílias e aumentarão seus padrões de qualidade de vida", disse Obama.
*Irã*: Em sua declaração conjunta, o G8 expressou "uma séria preocupação" em relação à violência pós-eleitoral no Irã, mas afirmou estar determinado em encontrar uma resolução pacífica para a polêmica questão do programa nuclear de Teerã.
Com a Rússia argumentando que a violenta repressão contra as manifestações da oposição são um assunto interno iraniano, os Estados Unidos tiveram pouco espaço para defender sanções mais fortes contra o país.
A cúpula desta semana estabeleceu que a próxima reunião do G8, em setembro, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, seria uma "ocasião para acompanhar" a iniciativa de congelar as ambições nucleares iranianas, ao mesmo tempo em que urgiu o governo em Teerã a cooperar com a ONU e seu sistema de monitoramento atômico.
*Coreia de Norte*: O G8 condenou fortemente o teste nuclear da Coreia do Norte do dia 25 de maio, classificando-o como "uma flagrante violação" das resoluções da ONU.
"Condenamos o teste nuclear nos mais fortes termos. Eles constituem uma flagrante violação das resoluções relevantes do Conselho de Segurança da ONU", afirmaram.
O programa nuclear da Coreia do Norte também foi o tema principal de reuniões bilaterais à margem da cúpula entre Obama e o primeiro-ministro do Japão, Taro Aso, sobre a necessidade de manter a pressão diplomática sobre Pyongyang.