Filhos de Sandino A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) nasceu em 1961 e reivindicou a herança de Augusto César Sandino, lÃder nacionalista que combateu tropas americanas nos anos 1930. Sandino foi assassinado em 1934 pelo chefe da Guarda Nacional, Anastacio Somoza GarcÃa, que dois anos depois deu inÃcio à dinastia ditatorial. Inicialmente de vaga inspiração esquerdista, a FSLN teve entre seus fundadores e principais lÃderes Carlos Fonseca, morto em combate em 1976, e Tomás Borge, último remanescente da primeira geração sandinista. Quem te viu, quem te vê Acompanhe a trajetória de alguns dos personagens centrais da Revolução Sandinista Humberto Ortega O irmão de Daniel Ortega foi seu braço direito desde a montanha, quando delineou a estratégia insurrecional urbana que levou a guerrilha ao poder. Na fase do governo revolucionário, como ministro da Defesa, estruturou o Exército Popular Sandinista, mas não teve meios para vencer militarmente os "contras", armados e financiados pelos EUA. Manteve-se à margem da campanha vitoriosa do irmão à presidência e não participa do governo. Tomás Borge Último remanescente dos fundadores da Frente Sandinista, foi desde sempre admirador e discÃpulo de Fidel Castro. Ministro do Interior no governo revolucionário, manteve-se leal à legenda (e a Daniel Ortega) ao preço de romper politicamente com alguns de seus camaradas mais próximos, como Henry Ruiz, Luis Carrion e Victor Tirado, ex-integrantes da direção nacional da FSLN e hoje identificados com o dissidente Movimento Renovador Sandinista (MRS). Edén Pastora O famoso Comandante Zero do espetacular assalto ao Congresso, em 1978, que obrigou a ditadura de Somoza a libertar dirigentes sandinistas, não demorou a romper com o governo revolucionário. Denunciou a %u201Ccubanização%u201D da FSLN e se estabeleceu na fronteira com a Costa Rica à frente de um pequeno grupo guerrilheiro %u2014 mas não aceitou unir forças com os %u201Ccontras%u201D patrocinados pelos EUA. Pastora por fim desmobilizou-se e hoje mantém uma empresa de pesca. Dora MarÃa Téllez A jovem miúda, de aparência franzina, capturou a imaginação dos nicaraguenses como a Comandante Um do assalto ao Congresso. Ao contrário de Pastora, ela teve longa carreira na FSLN e no governo revolucionário. Foi nos últimos anos que se tornou crÃtica e logo adversária frontal de Daniel Ortega, Tomás Borge e outros veteranos, a quem acusa de terem se "aburguesado" e adeptos do "poder pelo poder". Dora é uma das lÃderes do MRS. Mónica Baltodano Era uma das mais respeitadas comandantes da guerrilha sandinista, protagonista de episódio emblemático da insurreição final, quando um coronel da Guarda Nacional somozista viu-se constrangido a apresentar sua rendição a uma mulher. Ligada a várias funções no governo revolucionário, aderiu também à dissidência do MRS, pelo qual se elegeu deputada. Ernesto Cardenal Sacerdote e poeta, adepto da Teologia da Libertação, é outro dos Ãcones da revolução sandinista. O padre-guerrilheiro foi punido pela Igreja por seu vÃnculo a um movimento armado e por sua decisão de integrar o governo revolucionário, como ministro da Cultura. Continuou ligado à Frente Sandinista até anos atrás, quando rompeu com Daniel Ortega e afastou-se do partido. Violeta Chamorro Viúva do jornalista Pedro JoaquÃn Chamorro, cujo assassinato, em 1978, foi um dos estopins da resistência civil que debilitou a ditadura somozista e abriu caminho para o triunfo da guerrilha, no ano seguinte. Pela projeção pública que ganhou, Violeta integrou o primeiro governo sandinista, mas logo dissentiu e retirou-se com o empresário Alfonso Robledo, mentor dos %u201Ccontras%u201D. Em 1990, foi ela quem derrotou Daniel Ortega na eleição presidencial que pôs fim à fase revolucionária.