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Militante dos direitos humanos é assassinada na Rússia

Agência France-Presse
postado em 15/07/2009 14:31
MOSCOU - Uma militante dos direitos humanos russa, Natalia Estemirova, que denunciava perseguições políticas na Chechênia oficialmente pacificada, foi sequestrada e assassinada nesta quarta-feira (15/7), um crime que "indignou" o presidente russo Dmitri Medvedev. "O presidente Dmitri Medvedev se disse indignado com esta morte", apresentando seus pêsames à família da vítima, declarou sua porta-voz Natalia Timakova citada pelas agências de notícias russas. O corpo de Natalia Estemirova da ONG Memorial foi descoberto às 17h20 (horário local) em uma floresta perto de Nazran, principal cidade da Inguchétia. "O corpo apresentava marcas de ferimentos na cabeça e no peito", informou a Comissão de Investigação do Ministério Público, em comunicado. Pela manhã, Estemirova, 50 anos, foi levada à força de sua casa num carro, com destino desconhecido, informou a Memorial, citando testemunhas. Natalia Estemirova havia denunciado recentemente uma execução arbitrária na Chechênia, o que desagradou as autoridades locais pró-russas, declarou Alexandre Tcherkassov, da ONG Memorial. Tratava-se da morte de um suposto rebelde por homens com roupa de camuflagem na aldeia de Akhkintchou-Borzoï no dia 7 de julho. A ONG lembra que a atividade de Estemirova há havia despertado no passado "o descontentamento das autoridades chechenas". "Não tenho nenhuma dúvida de que a morte dela esteja ligada à atividade profissional de Natalia que denunciava a arbitrariedade das forças da ordem de Ramzan Kadyrov", o presidente checheno pró-russo, declarou à AFP Tatiana Lokchina da Human Rights Watch. Segundo ela, a forma com que foi sequestrada lembra os métodos usados por homens de Kadyrov. O governo russo, no entanto, suspendeu em abril "a operação antiterrorista" que vigorou por mais de uma década na Chechênia, o que poderia simbolizar uma normalização. O fato de o corpo da militante ter sido encontrado na Inguchétia "é uma tentativa de envolver o presidente inguche Iounous-Bek Evkourov" conhecido por dialogar com a sociedade civil e ele mesmo gravemente ferido num atentado suicida no final de junho, estima Alexeï Malachenko, analista do centro Carnegie que se disse "chocado" com o episódio. O chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, declarou-se "horrorizado" com a morte de Natalia Estemirova exigindo que os autores deste crime sejam julgados. A presidência sueca da UE também condenou esta morte "brutal". Estemirova era ligada à jornalista Anna Politkovskaïa, assassinada em 2006 em Moscou; um crime jamais elucidado. Estemirova também foi a primeira pessoa a receber, em 2007, o Prêmio Anna Politkovskaïa, entregue a militantes dos direitos humanos nas zonas de conflito. Ela também recebeu um prêmio do Parlamento sueco e a medalha Robert Schuman do Parlamento europeu.

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