Agência France-Presse
postado em 16/07/2009 15:46
O programa antiterrorista que o ex-vice-presidente americano Dick Cheney é acusado de ter escondido do Congresso durante oito anos deveria entrar em sua fase de "treinamento" quando o atual diretor da CIA, Leon Panetta decidiu suspendê-lo, informou nesta quinta-feira o Washington Post.
[SAIBAMAIS]Panetta ficou sabendo do projeto quando recebeu a proposta de "fazer entrar o plano em uma fase mais operacional, digamos, de treinamento" dos agentes, explicou ao Post um dirigente da CIA, que não quis ser identificado.
Nomeado pelo presidente Barack Obama no início deste ano, Panetta decidiu pôr um ponto final ao projeto e informar aos parlamentares, que nada sabiam do programa criado em 2001.
Segundo o jornal, o plano desenhado durante a presidência de George W. Bush tinha como objetivo capturar ou matar membros da rede terrorista Al-Qaeda.
Cheney ainda não comentou o assunto desde domingo, dia em que o New York Times revelou a existência do programa.
Dennis Blair, chefe da inteligência americana, disse ao Post que apoiou a decisão de Panetta de abortar o projeto. Porém, ao contrário dos representantes democratas, Blair considerou que a CIA não infrigiu a lei ao não informar o Congresso durante oito anos.
"É uma questão de julgamento. Contudo, nossa opinião é que é sempre preferível trabalhar em cooperação com o Congresso", afirmou na entrevista que concedeu ao Washington Post.
Blair, que também foi nomeado por Obama, ressaltou que o fim do programa secreto não significa de nenhuma forma que Washington esteja abaixando a guarda na luta contra a rede terrorista Al-Qaeda.
"Nossa primeira preocupação é a eficiência, e vamos continuar trabalhando para combater os terroristas", destacou.
O ex-vice-presidente americano Dick Cheney havia sido alvo, domingo, de uma avalanche de críticas por parte de parlamentares democratas depois das revelações feitas pela imprensa de que ele teria ordenado à CIA que ocultasse do Congresso a existência de um programa antiterrorista.
Segundo o jornal The New York Times, que cita fontes ligadas ao dossiê, Cheney, ardente defensor dos controvertidos métodos da administração George W. Bush na "guerre contra o terrorismo", aparentemente também seria um adepto fervoroso da manutenção de segredos.