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Clima: o G8 não levou em conta os alertas de cientistas

Agência France-Presse
postado em 17/07/2009 16:26
Os oito países mais industrializados do planeta (G8) não levaram em conta de maneira suficiente os alertas feitos por cientistas sobre a evolução do aquecimento global, lamentou nesta sexta-feira o presidente do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC). Para Rajendra Pachauri, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2007 junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore, os resultados da recente reunião de cúpula do G8 em L'Aquila (centro da Itália) põem em evidência "uma espécie de dicotomia". "De um lado, os dirigentes do G8 se puseram de acordo na vontade de avançar para o objetivo de reduzir as emissões (de gases de efeito estufa) em 80% até 2050 (nos países industrializados), para que a temperatura da Terra não suba mais do que 2º C", explicou o especialista indiano. "De outro lado, não levaram em consideração as previsões do IPCC segundo as quais, para limitar o aumento da temperatura em 2º C, devemos conseguir que as emissões comecem a baixar em 2015", recordou. "Deveriam ter anunciado claramente que vão se empenhar para reduzir as emissões de imediato. Não o fizeram", lamentou Pachauri, ouvido por telefone de Veneza, onde cientistas do IPCC estão reunidos nesta semana para estabelecer as linhas de seu quinto informe, que será publicado em 2013. O anterior foi apresentado em 2007. Os trabalhos do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) pretendem esclarecer as decisões políticas a serem tomadas em matéria de luta contra o aquecimento. Devem guiar, em particular, a negociação de um novo acordo mundial contra o aquecimento sob o patrocínio da ONU, como parte da cúpula de dezembro em Copenhague. "Tudo o que foi dito no quarto informe de avaliação, ainda vigora", destacou. "Temos que conseguir um ponto de vista equilibrado e global do conjunto da literatura (científica) publicada a respeito. Seria perigoso que o IPCC baseasse sua avaliação em apenas uma ou duas observações ou pesquisas. Correríamos o risco de fazer o jogo dos cépticos" da mudança climática, estimou. As principais conclusões do quarto informe do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) destinado aos dirigentes do mundo fala em perdas irreversíveis, como o derretimento do gelo nas calotas polares, a desertificação rápida de zonas atualmente ocupadas por florestas e o aumento em grandes percentuais do efeito estufa. A desertificação da Amazônia e o resfriamento da Europa são algumas das alterações possíveis citadas pelo relatório que também prevê a ocorrência de eventos repentinos - como ondas de extinção. Os especialistas do IPCC, patrocinados pela ONU, pedem mais eficiência no uso da energia em prédios, casas, nos automóveis, defendendo as variedades técnicas solar ou nuclear, consideradas mais limpas. Na avaliação dos cientistas, entre outros fatores, a mudança climática é "irreversível" e as emissões de gases de efeito estufa provocadas pelas atividades humanas (principalmente pelo gás, o carvão e o petróleo) são responsáveis (em 90%) pelo aumento das temperaturas nos últimos 100 anos ( 0,74º C).

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