postado em 18/07/2009 08:00
Nelson Mandela é um homem de números desconcertantes. Casou-se três vezes, teve seis filhos, 20 netos e um número de bisnetos ainda em crescimento. Foi condenado à prisão perpétua por sabotagem e conspiração contra o Estado sul-africano, em 1964. Por quase 27 anos, foi o detento 466/64 da prisão da Ilha de Robben, número esse que hoje dá nome à campanha contra a aids que promove. Sua sentença tornou-o símbolo da luta pela liberdade em uma nação oprimida pelo apartheid, regime racial de supremacia branca. O grito de ;libertem Mandela; fez eco por todo o mundo, até que, os 72 anos, ele foi libertado. É ganhador de incontáveis prêmios pela defesa dos direitos humanos. O mais notório deles, recebido em 1993, foi o Nobel da Paz. Em 1994, pela primeira vez na história da África do Sul, os negros puderam votar ; e elegeram Mandela para governar o país. Honrando a palavra, ele foi presidente por apenas um mandato.Hoje, o líder completa 91 anos e tem apenas um presente na lista de pedidos: braços para o trabalho voluntário. ;Mandela passou 67 anos fazendo do mundo um lugar melhor. Nós estamos pedindo a você 67 minutos.; Com esse slogan, a campanha tenta fazer com que o Mandela Day ; dia do aniversário de Madiba, como é carinhosamente chamado em seu país ; seja anualmente dedicado ao voluntariado. ;Nós ficaríamos honrados se esse dia pudesse reunir as pessoas ao redor do mundo para combater a pobreza e promover a paz e a reconciliação;, afirma uma declaração divulgada em nome de Mandela. A data foi arquitetada pelas organizações de caridade da Fundação Nelson Mandela e pela Campanha 46664 para homenagear e dar continuidade ao legado de um dos homens mais admiráveis do século 20.
A missão já conta com nomes de peso. Na África do Sul, o presidente Jacob Zuma passará a manhã em companhia de idosos, e o governo fará doações de comida, roupas e livros para instituições de caridade. ;As pessoas vão ser estimuladas para gastar pelo menos 67 minutos de seu dia fazendo algo útil dentro de suas comunidades, especialmente entre os menos privilegiados;, disse Zuma. Durante a semana, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton participou de um leilão ao lado da mulher de Mandela, a ex-primeira-dama moçambicana Graça Machel, a fim de levantar fundos para campanhas filantrópicas e para a festa de hoje. ;Não estamos aqui para nos sentir bem a respeito de nós mesmos, e sim para completar a missão de Mandela;, afirmou Clinton, amigo de longa data do sul-africano.
Nova York será o palco para o lançamento do Mandela Day. No Radio City Music Hall, Aretha Franklin, Stevie Wonder e Alicia Keys serão alguns dos artistas na lista de convidados, no show apresentado pela atriz Whoopi Goldberg, uma das embaixadoras da 46664. Forest Whitaker, Susan Sarandon, Matt Damon e outros astros de Hollywood se juntarão ao time. Até a primeira-dama da França, Carla Bruni-Sarkozy, quebrou o voto de não se apresentar como cantora enquanto o marido, Nicolas Sarkozy, estiver no poder. O show encerra uma semana repleta de atividades relacionadas a arte, educação e serviço comunitário, celebrando mais um ano de vida do líder sul-africano. Apesar da festa, o aniversariante fez questão de ressaltar o objetivo social embutido na celebração e fez sua chamada aos voluntários. ;Nossa luta pela liberdade e pela justiça foi um esforço coletivo, e o Mandela Day não é diferente. Está nas suas mãos criar um mundo melhor para todos. Este não será um feriado, mas um dia de serviço.;
A intenção de fazer da data um evento anual já está se concretizando. Ontem, o diretor internacional da 46664, Tim Massey, anunciou que Madri, capital da Espanha, tem interesse em ser a cidade-sede do Mandela Day em 2010.
Mandela passou 67 anos fazendo do mundo um lugar melhor. Nós estamos pedindo a você 67 minutos.
Slogan da campanha pela instituição do Dia de Mandela, dedicado ao trabalho voluntário