Agência France-Presse
postado em 18/07/2009 18:55
"Como se chama o nosso presidente?, Manuel Zelaya", gritavam os cerca de 4.000 manifestantes reunidos neste sábado no acesso a uma ponte que leva ao aeroporto de Tegucigalpa, para exigir o retorno do mandatário deposto, ante a presença de sua esposa Xiomara Castro.
A primeira-dama deposta exortou da ponte de Las Brisas os seguidores de seu marido a seguirem na luta "porque esta vitória tem que ser conquistada", constatou a AFP.
Castro disse a seus seguidores que vizinhos de sua casa de campo em El Espino, no departamento de Olancho, conseguiram retirar neste sábado os militares que a mantinham sob custódia desde 28 de junho.
"A casa está em poder do povo", disse Castro, que em seguida acrescentou que da mesma forma vai recuperar o poder em Honduras.
O ex-assessor econômico do governo deposto, Nelson Avila, afirmou diante dos manifestantes que os "Estados Unidos devem se decidir: ou estão com os golpistas ou com o governo democrático" de Zelaya.
"Há uma dupla moral no governo dos Estados Unidos. Por um lado, o presidente Barack Obama reconhece Zelaya como único presidente, mas Hillary Clinton propõe um diálogo com Oscar Arias para ganhar tempo para que os golpistas se consolidem", queixou-se em declarações à AFP.
Ele acrescentou que "Zelaya mostrou sua atitude em relação ao diálogo. Mas esse diálogo tem que passar pela restituição de Zelaya, que é a única forma de restabelecer a democracia".
Já o presidente do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras (CODEH), Andrés Pavón, está pessimista quanto a um diálogo.
"Não vai haver resultado algum. Aqueles que estão dialogando por Micheletti fizeram parte da estrutura do golpe", disse.
Pavón, um dos líderes da Resistência Popular que luta pelo retorno de Zelaya, informou que seguidores do mandatário deposto também bloquearam a estrada entre San Pedro Sula e o principal porto de comércio internacional, Puerto Cortés.
Na capital, também estavam bloqueadas as estradas que ligam o leste ao norte do país, constatou a AFP.
O governo comunicou que neste sábado manterá o toque de recolher das 23h00 às 4h30 de domingo.