Jornal Correio Braziliense

Mundo

Farcs entregarão dois reféns, mas descartam outras libertações

A guerrilha das Farc reiterou que entregará dois reféns em seu poder, mas descartou que vá libertar unilateralmente outros 22 sequestrados, como pediu há uma semana o presidente colombiano Alvaro Uribe, segundo uma carta enviada neste sábado (18/07) à senadora Piedad Córdoba. Na mensagem a Córdoba, as Farc ressaltaram que esperam que o governo apresente "uma proposta a respeito das circunstâncias" para uma negociação entre as partes destinada a um acordo de troca de sequestrados por guerrilheiros presos. "Recebemos com expectativa a autorização concedida pelo governo (a Córdoba) para, chegado o momento da troca, recepcionar os militares e policiais que mantemos na condição de prisioneiros de guerra", indica a mensagem do Secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O grupo destaca: "se o presidente, publicamente, a escolheu para desenvolver essa transcendente missão na companhia da Igreja e do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), seguramente em breve nos apresentará uma proposta sobre as circunstâncias de modo, tempo e lugar na qual, seus delegados e os nossos, vão poder estabelecer os termos de um acordo de troca". A liderança das Farc frisou na carta: enquanto isso, "podemos nos organizar para que receba (Córdoba) o cabo Pablo Emilio Moncayo, o soldado profissional Josué Daniel Calvo Sánchez e os restos do capitão Guevara, tal como comunicamos em 16 e 26 de abril e em 25 de junho passados". Embora, a princípio, Uribe tenha sido contrário à participação de Córdoba na entrega dos dois reféns, há uma semana aceitou a proposta, mas a condicionou à libertação unilateral de todos os 24 militares sequestrados, que os rebeldes buscam trocar por cerca de 500 guerrilheiros presos. Com sua proposta, Uribe reiterou mais uma vez sua rejeição à negociação da troca humanitária. Moncayo está há 11 anos em poder das Farc, enquanto que Calvo foi capturado no dia 20 de abril. O capitão Julián Ernesto Guevara, cujos restos as Farca se comprometeram a entregar, morreu no cativeiro após vários anos de sequestro.