Agência France-Presse
postado em 19/07/2009 15:05
Teerã - O primeiro vice-presidente iraniano, Esfandiar Rahim Mashaie, renunciou ao cargo dois dias depois de sua polêmica nomeação pelo presidente Mahmud Ahmadinejad, que foi criticado pelos setores mais conservadores do país, informou neste domingo a televisão estatal Press TV.
O canal de televisão citou a agência de notícias PANA, financiada pelo Ministério da Educação, sem dar detalhes sobre a renúncia.
[SAIBAMAIS]A nomeação de Mashaie, cuja filha está casada com o filho do presidente iraniano, foi imediatamente criticada pelo setor mais conservador e pelos clérigos.
Sua renúncia aconteceu em meio à polêmica sobre os resultados das eleições de 12 de junho passado. Os partidários do candidato Mir Hosein Musavi rechaçam os resultados que deram vitória a Ahmadinejad no primeiro turno.
Esta renúncia é um sinal da árdua tarefa que Ahmadinejad terá para formar seu futuro governo, após vencer as eleições.
Em julho de 2008, Esfandiar Rahim Machaie afirmou que o Irã era um "amigo do povo israelense e do povo americano", em uma declaração pouco habitual que contrasta com os ataques verbais das autoridades iranianas contra o Estado hebreu. "Consideramos o povo americano um dos melhores povos do mundo", disse na ocasião.
Para acalmar os ânimos decorrentes desta declaração, o guia supremo iraniano, o aiatolá Khamenei, disse que não concordava com estas afirmações e deu por encerrada a polêmica.
O Irã não reconhece a existência de Israel. Além disso, o presidente Ahmud Ahmadinejad já declarou diversas vezes que o Estado hebreu deveria ser apagado do mapa. Ele considera o Holocausto dos judeus durante a 2ª Guerra Mundial um verdadeiro mito.
O religioso conservador Ahmad Jatami também criticou a nomeação de Rahim Mashaie, segundo o jornal Etemad Melli. O chefe do grupo dos parlamentares pertencentes ao clero, Mohammad Taghi Rahbar, pediu por sua vez a intervenção do guia supremo para destituí-lo.
A cerimônia de investidura de Ahmadinejad está marcada para o período entre os dias 2 e 6 de agosto e, em seguida, deverá apresentar a lista de seu gabinete ao Parlamento para um voto de confiança ao qual não estão sujeitos o primeiro vice-presidente nem nenhum outro vice-presidente.