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Khamenei volta a denunciar o envolvimento de estrangeiros em distúrbios

Agência France-Presse
postado em 20/07/2009 13:54
TEERÃ - O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, voltou a acusar os inimigos externos da República Islâmica de terem apoiado, através dos meios de comunicação, os distúrbios posteriores à reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad, ao mesmo tempo em que os reformistas exigiram um referendo no país para sair da crise.
[SAIBAMAIS]
A acusação de Jamenei aconteceu no mesmo dia em que o primeiro vice-presidente, Esfandiar Rahim Mashaie, um controvertido personagem muito ligado ao ultraconservador Ahmadinejad, desmentiu o que chamou de boatos de que teria se afastado do governo.

"A intervenção dos estrangeiros e, em particular, de seus meios de comunicação é muito clara, mas a pretensão de que não conseguem intervir nos assuntos internos é un sinal de sua desonra", declarou Khamenei, em um discurso pronunciado ante os dirigentes do país.

O guia supremo se referia à pior crise vivida pelo país desde a Revolução Islâmica de 1979: as manifestações de protestos ocorridas depois da reeleição do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad no dia 12 de junho, com 63% dos votos e que deixaram 20 mortos, segundo cifras oficiais.

A República Islâmica acusa, em particular, a Grã-Bretanha de ter provocado os protestos. Nove empregados iranianos da embaixada britânica em Teerã ficaram detidos por vários dias e o correspondente da BBC foi expulso do país.

A Asociação e Religiosos Combatentes (ARC), dirigida pelo ex-presidente Mohammad Jatami e que reúne os religiosos reformistas, anunciou que "na medida em que milhões de iranianos perderam confiança no processo eleitoral, a ARC exige a organização de um referendo" sobre o pleito convocado "por órgãos independentes", segundo comunicado divulgado pelo organismo.

De acordo com a Constituição iraniana, só o aiatolá supremo Jamenei pode ordenar a realização desse tipo de votação.

Já o principal candidato da oposição, Mir Hossein Mussavi, que denunciou uma fraude eleitoral, exige a libertação dos "presos políticos", segundo seu site Ghalamnews.

Ao mesmo tempo, o primeiro vice-presidente também se serviu de sua página web para desmentir o canal oficial em inglês Press-TV que, domingo, anunciou sua demissão do cargo.

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