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Mercosul defenderá campanha para flexibilizar patentes de remédios contra gripe suína

Os chefes de Estado do Mercosul deverão incluir na declaração final da reunião de amanhã (24) um apelo para que a Organização Mundial da Saúde (OMS) lidere um processo de flexibilização de patentes dos medicamentos e das futuras vacinas contra a influenza A (H1N1) gripe suína para que as novas tecnologias estejam ao alcance dos países mais pobres. A proposta foi debatida hoje (23), na capital paraguaia, por ministros da Saúde e do Desenvolvimento do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, em reunião ampliada do Conselho do Mercosul instância máxima decisória do bloco. A questão principal, neste momento, é de que maneira as tecnologias de prevenção, vacinas, reagentes para diagnóstico e medicamentos podem estar acessíveis a todos os habitantes do planeta. A questão do acesso a essas tecnologias, hoje, é a questão central, afirmou o ministro brasileiro da Saúde, José Gomes Temporão, pouco antes da reunião. Seria inadmissível que uma nova vacina seja desenvolvida por um conjunto de laboratórios e apenas um pequeno grupo de países ou um número restrito de habitantes de alguns países tenha acesso a essa tecnologia, reiterou o ministro. Ele explicou que não se trata de quebra de patentes, mas de negociação com os laboratórios que estão desenvolvendo a nova vacina e também com os que produzem os dois únicos medicamentos eficientes contra a gripe suína. Há dois medicamentos eficazes contra a gripe A e ambos defendidos por patentes. O Brasil tem estoque suficiente para manejar essa situação, mas a questão passa a ser de segurança de nossas populações. Estamos chamando a Organização Mundial da Saúde para que lidere uma discussão da relação entre propriedade intelectual e acesso s tecnologias, afirmou. Temos que apostar é na possibilidade de que, através de acordo com as empresas produtoras, termos acesso vacina, ressaltou. De acordo com o ministro, esse tipo de transferência de tecnologia já ocorre no caso da produção das vacinas do rotavírus, por Biomanguinhos, e da gripe sazonal, pelo Instituto Butantan. O Brasil já tem uma tradição de alguns anos nesse tipo de estratégia, o que nos dá uma posição diferenciada, afirmou. Os ministros do Mercosul também discutiram como o Brasil e os demais países sul-americanos podem estabelecer um plano estratégico não apenas para enfrentar a gripe suína, mas também para preparar a região para situações futuras. Doenças emergentes e reemergentes estarão sempre impactando os países e os sistemas de saúde. Temos que ter uma agenda estratégica continental. Segundo Temporão, o México tem uma fábrica de vacinas e está interessado a se unir nesse esforço. O assunto deve ser aprofundado em nova reunião, a ser agendada Aqui vamos ter uma reunião de decisão politica. Estamos vendo a possibilidade de uma reunião mais prática para discutirmos de maneira mais pragmática o que cada um de nós pode fazer. O Brasil, evidentemente, é uma liderança nessa área e vai ter um papel importante nessa discussão, concluiu.