Agência France-Presse
postado em 24/07/2009 18:06
O ex-chefão da máfia italiana Toto Riina, que cumpre pena de prisão perpétua em uma penitenciária de Milão (norte de Itália), rompeu o silêncio nesta sexta-feira para se defender, negando ser responsável pelo assassinato, em 1992, dos dois magistrados que simbolizavam a luta contra a Cosa Nostra.
Toto Riina, conhecido como "La bestia", foi o chefe supremo da Cosa Nostra, a máfia siciliana, até sua prisão, em janeiro de 1993.
Condenado 18 vezes à prisão perpétua, o mafioso é considerado pela justiça como o homem que planejou a morte dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, que se notabilizaram por combater o crime organizado na Itália.
Riina foi interrogado nesta sexta-feira na prisão durante três horas pelos magistrados da promotoria de Caltanissetta (Sicília), que reabriram o caso após descobrirem novos documentos e terem acesso a declarações de criminosos arrependidos.
O interrogatório foi decidido depois que o líder mafioso quebrou o silêncio sobre seu caso pela primeira vez, no fim de semana passado.
"Foram eles os assassinos, eu cansei de cobri-los", anunciou Riina através de seu advogado.
O ex-chefe supremo da Cosa Nostra acusou o serviço secreto italiano de ter participado dos atentados, confirmando as suspeitas de que os massacres perpetrados pela Cosa Nostra na década de 80 foram cometidos com a cumplicidade de agentes da inteligência.
Uma das hipóteses examinadas é a de que o juiz Borsellino tenha sido assassinado porque se opunha a qualquer negociação entre o Estado e a Cosa Nostra para selar a paz, após a guerra desatada na península pela organização criminosa siciliana.
"Pelos massacres de 92 estão presos inocentes, e vários culpados estão livres. Se ele tem o poder para investigar, então investigue", afirmou Riina diante dos magistrados, segundo relatou Luca Cianferoni, advogado do "capo" mafioso ao deixar a prisão onde seu cliente é mantido.