Os dias do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, têm sido de angústia e cansaço. A voz pausada ao telefone era resultado de uma rotina de intensas reuniões e audiências com o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, e com membros da chamada ;resistência pacífica;. Depois de uma série de negociações com um assessor e uma relações públicas, o Correio falou por telefone com Zelaya. O líder liberal, que deu uma guinada à esquerda, deixou claro que não perdoará o presidente de fato, Roberto Micheletti, e os golpistas que lhe arrancaram de casa, na madrugada de 28 de junho. ;Com os golpistas jamais poderei repartir um governo de unidade nacional;, declarou o presidente, que organiza uma ;resistência pacífica; na cidade de Ocotal, a apenas 18km da fronteira.
;Não há união com os golpistas;
O presidente de fato, Roberto Micheletti, prometeu prendê-lo caso o senhor retorne a Honduras. Se detido, que pedido o senhor fará a seu povo?
Bom... O senhor Micheletti, encarregado do golpe de Estado em Honduras, está em situação ilegal e tudo o que ele faz é nulo. Está em estado de fato. Ninguém o reconhece. O povo hondurenho não o respalda, a comunidade internacional também não. O que ele deve fazer é se entregar à Justiça, para que seja detido e capturado.
Presidente, como o senhor analisa as denúncias de que o Exército e a polícia de Honduras estão cometendo várias execuções extrajudiciais e violações de direitos humanos?
[SAIBAMAIS]Penso que a comunidade internacional, os presidentes da América Latina, o presidente Barack Obama, a secretária (Hillary) Clinton devem ser mais enérgicos na condenação à repressão que os golpistas estão fazendo contra o povo hondurenho.
Quando o senhor regressar ao poder, pedirá a aplicação da lei a todos aqueles que violaram os direitos humanos?
Todos os cidadãos, todas as pessoas estão sujeitas à lei. Todos. Todos estamos sujeitos à lei, sempre. Mas não há a justiça do senhor Micheletti, não há a justiça dos golpistas. Não há uma justiça imparcial. Quem peca paga. Quem peca deve pagar. Eles têm pecado, estão cometendo crimes e terão de pagar por isso.
Qual é a saída para a crise? O senhor aceitaria compartilhar um governo de unidade nacional e de reconciliação?
Com os golpistas jamais poderei repartir um governo de unidade nacional.
Então, qual é a solução para esse impasse?
Asaída é que os ditadores abandonem o poder que não lhes corresponde.