Agência France-Presse
postado em 03/08/2009 15:37
Combates entre tribos rivais do sul do Sudão deixaram mais de 160 mortos, em maioria mulheres e crianças, informaram nesta segunda-feira um líder local e um alto funcionário da ONU.
Cem mulheres e crianças, 50 homens e 11 soldados morreram domingo nos confrontos entre as tribos Murele e Lo Nuer, declarou à AFP Goi Jooyul Yol, um dirigente local da região de Akabo, onde foram registrados os enfrentamentos.
"Temos 161 mortos confirmados até agora, e a busca por outros corpos continua", disse Yol.
A situação em Akobo, no estado de Jonglei (sudeste) "está tensa, e as pessoas que fogem dos combates continuam chegando aqui", destacou o dirigente em Bor, a capital de Jonglei.
"As pessoas estão famintas, e a situação é grave", alertou.
Um funcionário da ONU, que não quis ser identificado, informou que "160 pessoas, entre as quais muitas mulheres e crianças, foram mortas em combates entre etnias rivais".
Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou os ataques e pediu às autoridades locais que prendam os responsáveis e tomem as medidas necessárias para proteger os civis.
"O secretário-geral está muito preocupado com o ataque em Akobo. Ele condena o assassinato de 161 pessoas, entre elas mais de cem mulheres e crianças", diz um comunicado transmitido por sua porta-voz, Michèle Montas.
Os enfrentamentos entre tribos, que acontecem por motivos como roubo de gado, disputas sobre a posse de recursos naturais ou vingança, são frequentes no sul do Sudão, uma ampla região subdesenvolvida assolada por 22 anos de guerra civil contra o norte do país (1983-2005).
A nova onda de violência, que começou no início deste ano, no sul do Sudão, faz temer uma nova guerra civil, desta vez dentro da própria região.
Em abril, 250 pessoas morreram num ataque de combatentes da tribo Murele contra uma aldeia da tribo Lou Nuer. Em março, violentos confrontos na região de Pibor, mais ao sul, deixaram cerca de 750 mortos.
A ONU afirmou que o número de vítimas no sul do Sudão é atualmente superior ao registrado em Darfur, uma província do oeste do país devastada por uma guerra civil.