Agência France-Presse
postado em 07/08/2009 14:28
QUITO - A capital equatoriana, Quito, concentrará a atenção regional neste fim de semana, quando será cenário da segunda cúpula da Unasul, dos festejos do bicentenário da independência equatoriana e da posse do segundo mandato consecutivo de Rafael Correa, que prometeu radicalizar sua política.
Os três eventos marcam um momento de tensão, ameaças militares e desentendimentos diplomáticos entre vários membros da União Sul-Americana de Nações (Unasul). Os problemas estão à flor da pele no continente por conta de um acordo, atualmente em discussão em Bogotá, que permitirá aos Estados Unidos utilizar bases militares em território colombiano.
A Colômbia, principal aliado da Casa Branca na América do Sul, defende seu direito de combater as drogas e o terrorismo através desta aliança %u2013 que, para governos de esquerda como os da Bolívia, o Equador e a Venezuela, representa uma ameaça de segurança regional.
A Venezuela foi além das críticas, congelando suas relações com o governo de Álvaro Uribe. Como se não bastasse, a decisão significou mais um nó na complicada crise entre Colômbia e Equador, que romperam relações diplomáticas em março de 2008. "Aqui não há mediadores, a única forma desta situação voltar à calma é a Colômbia desistir de entregar seu território aos Estados Unidos", declarou na quinta-feira o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Uribe não participará da cúpula da Unasul. O presidente colombiano realiza uma viagem por sete países sul-americanos, aos quais está explicando seu acordo com os Estados Unidos, certamente mais preocupado com as reservas do Brasil do que com a reação histriônica de Chávez.
Assim, a cúpula de Quito gera interesse não tanto pela mudança da presidência rotativa %u2013 que o Chile entregará ao Equador %u2013, e sim pelas eventuais declarações que podem marcar o tom da próxima reunião do Conselho de Defesa, onde será analisado o pacto entre Colômbia e Estados Unidos.
Quito, no entanto, não será apenas sede da cúpula da Unasul neste fim de semana: também será palco da cerimônia de posse de Correa %u2013 que, reeleito, tomará posse para mais um mandato - e das comemorações dos 200 anos da independência do Equador.
Aos 46 anos de idade, há dois no poder, Correa já antecipou uma radicalização de sua "revolução" para esta nova etapa - o que, segundo seu governo, implicará na desapropriação de terras improdutivas, no investimento nas camadas mais pobres da população e na tomada de uma posição de força em relação às multinacionais petroleiras.
Correa chega a seu segundo mandato com popularidade superior a 50%, embora acuado por um escândalo que agravou ainda mais suas relações com a Colômbia: as denúncias de suas supostas relações com a guerrilha das Farc. O governo alega que tudo não passa de uma manobra para desprestigiar o presidente.