Agência France-Presse
postado em 07/08/2009 15:54
O Fatah do presidente palestino Mahmud Abbas elege nesta sexta-feira, pela primeira vez em 20 anos, uma nova direção apra dar um novo impulso a esse movimento enfraquecido pelas derrotas frente aos islamitas do Hamas, suas divisões internas e sua má gestão.
A escolha dos 21 membros do novo Comitê Central e dos 120 do também novo Conselho Revolucionário, apesar de prevista para esta sexta, pode sofrer atraso devido às inúmeras candidaturas apresentadas.
Ao inaugurar o congresso na terça, Abbas admitiu os erros que enfraqueceram o grupo.
"Devido ao bloqueio do processo de paz (com Israel), mas também por culpa de nossos erros, alguns de nossos comportamentos rejeitados pelo povo, nossos poucos resultados, nosso afastamento do sentimento das ruas e nossa falta de disciplina, perdemos as eleições legislativas (em 2006) e depois perdemos Gaza", declarou Abbas ante os delegados de seu partido.
"Estivemos a ponto de perder o que restava da Autoridade Palestina, mas resistimos, aguentamos e tomaos iniciativas. Preservamos a Autoridade em vez de entregar tudo à ocupação (israelense) e trabalhamos dia e noite para restabelecer a segurança (na Cisjordânia), quando esta tarefa parecia impossível", acrescentou.
Fundado em 1959 pelo hoje falecido líder histório Yasser Arafat, o Fatah monopolizava o poder dentro da Autoridade Palestina desde 1994 antes de ser derrotado nas legislativas de 2006 pelos islamitas do Hamas que o expulsaram à força de Gaza em junho de 2007.
O Fatah é também tido por muitos palestinos como responsável pela corrupção e a insegurança nos territórios palestinos antes de a Autoridade palestina decidir combatê-los seriamente nos últimos anos.
O Congresso será apenas o sexto do Fatah, o último tendo sido realizado em Túnis, em 1989.
Hoje, o Fatah, dirigido pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, controla somente a Cisjordânia e sua linha política pregando um acerto negociado do conflito com Israel após anos de luta armada não para de perder credibilidade por falta de avanço nas negociações de paz.
Se Abbas for mantido como chefe do movimento, a composição do novo Comitê central de 21 membros, que serão eleitos pelos delegados, é alvo de toda sorte de prognósticos.
Assim, uma parte dos membros históricos que integram o atual Comitê central deve ceder lugar aos mais jovens.
O secretário geral do Fatah na Cisjordânia, detido em Israel, Marwan Barghouthi, o ex-chefe da Segurança preventiva Jibril Rajoub, o ex-homem forte do Fatah em Gaza e "queridinho" dos americanos, Mohammad Dahlane, aparecem como os pretendentes dos mais sérios.
As querelas entre os tenores do Fatah, que contribuíram para o declínio do movimento, aumentaram nas últimas semanas quando seu secretário geral e um dos fundadores Faruk Kaddumi acusou publicamente Abbas de ter armado um complô com Israel para eliminar Yasser Arafat.
Kaddumi, que vive em Túnis, era hostil à realização deste Congresso na Cisjordânia, onde ele nunca colocou os pés desde à ocupação israelense em 1967.
Os preparativos do Congresso foram perturbados pela recusa do Hamas de autorizar os 400 delegados do Fatah de Gaza a ir para a Cisjordânia.
Aproximadamente 500 outros delegados instalados no estrangeiro, principalmente no Líbano, na Síria e na Jordânia, foram autorizados por Israel a participar.