Agência France-Presse
postado em 08/08/2009 13:40
O presidente russo, Dimitri Medvedev, advertiu neste sábado aos líderes georgianos que receberão um severo castigo por causa da guerra contra a Ossétia do Sur, num momento em que a região pró-russa recorda um ano do conflito sob um forte clima de forte tensão.
"Estou seguro que, quando chegar o momento, um castigo justo e severá será inflingido às pessoas que deram as ordens criminosas de atacar a Ossétia do Sul", indicou o presidente russo em clara alusão ao colega georgiano Mijail Saakashvili.
"O objetivo que Tbilisi fixou era muito cínico", atacou Medvedev, falando ante os soldados do 58º exército, a força de vanguarda da intervenção militar russa na Geórgia, e cuja base, Vladikavkaz, fica na fronteira da Rússia com a Ossétia do Sul.
A Ossétia do Sul, o minúsculo território do Cáucaso, recordou neste sábado o breve conflito armado que há um ano opôs a Rússia e a Geórgia pelo controle desta região separatista pró-russa, cuja independência só é reconhecida por Moscou e Manágua.
As celebrações na capital Tsjinvali começaram já na noite de sexta-feira, com uma vigília iluminada por velas às 23H35 local (19H35 GMT), hora exata em que há um ano começou a ofensiva militar lançada por Tbilisi para recuperar o controle do território pró-russo.
"O objetivo da operação militar georgiana era a destruição e o exílio do povo osseta", afirmou o presidente Eduard Kokoiti ante as centenas de pessoas concentradas para ouvi-lo.
Os atos comemorativos prosseguirão durante todo o fim de semana, com exposições de fotos do conflito que, segundo o comitê investigador da promotoria russa, deixou 162 civis e 48 militares mortos.
Geórgia e Rússia realizaram cerimônias em memória do conflito na sexta-feira.
O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, depositou uma coroa de flores no monumento aos soldados mortos e, em Tbilisi, foram colocados bonecos com uniformes militares russos na avenida central para simbolizar a ocupação russa dos territórios georgianos, as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkházia, cuja independência foi reconhecida por Moscou depois do conflito.
Na véspera, Medvedev defendeu o papel da Rússia e assegurou ter tomado todas as decisões.
"Era o único a tomar as decisões", declarou em entrevista ao canal de televisão russo NTV.
As cerimônias previstas em toda a Geórgia, em Moscou e em Tsjinvali, a capital da Ossétia do Sul, acontecem num momento em que as tensões estão vivas na região.
Moscou voltou a acusar os Estados Unidos de rearmar silenciosamente a Tbilisi, e advertiu que dará uma resposta adequada.
De um litígio regional iniciado há anos, o conflito se transformou em guerra de alta ressonância geopolítica, a partir do momento em que as tropas russas invadiram uma parte da Geórgia, em resposta à tentativa de Tbilisi de assumir o controle da Ossétia do Sul, a região georgiana separatista. Os russos chegaram a 30km da capital.
O exército russo não teve nenhuma dificuldade em massacrar as forças georgianas em um "blitzkrieg" de apenas cinco dias, deixando a comunidade internacional paralisada e a Geórgia aterrorizada. Os ossetas, por sua vez, receberam os russos como salvadores.
Os russos, ao deixarem o território depois de um cessar-fogo assinado graças à mediação europeia, mantiveram o controle não somente da Ossétia como também da Abkházia, outro pequeno território separatista pró-russo, assim como de partes do território georgiano limítrofe.
Um ano depois, Moscou e Tbilisi continuam se acusando mutuamente de estar na origem das hostilidades e de multiplicar as provocações.
Com as provocações, o tom aumentou bruscamente entre a Rússia e a Geórgia na véspera do primeiro aniversário da guerra na Ossétia. O presidente georgiano falou, inclusive, no risco de retomada do conflito.