Agência France-Presse
postado em 11/08/2009 18:33
Em uma multipartidária e barulhenta marcha, mais de 10.000 partidários do presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya foram às ruas de Tegucigalpa para repudiar o governo de facto e advertir que os protestos pela volta de Zelaya se intensificarão.
"Vocês têm medo de nós porque nós não temos medo", cantava uma filha de Zelaya, Hortensia (mais conhecida como 'La Pichu'), diante da multidão que a acompanhava em coro pelo boulevar Juan Pablo II, na capital hondurenha, nas proximidades da Casa Presidencial.
Mais de 5.000 partidários de Zelaya partiram da Universidade Pedagógica Nacional, enquanto outras 3.000 pessoas se uniram a elas no meio do caminho, vindas da área de Olancho, no leste do país, e outras 2.000 procedentes de Comayagua, no centro.
Foi a maior manifestação pelo retorno de Zelaya desde os protestos do dia 5 de julho, que aconteceram nos arredores do aeroporto de Toncontin, em Tegucigalpa, quando o presidente deposto tentou aterrissar em um avião venezuelano e foi impedido pelo governo de facto.
O líder operário Israel Salinas leu um comunicado afirmando que a Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de 28 de junho decidiu "aumentar e aprofundar as ações de resistência em todo o território nacional e intensificar os apelos por ações solidárias internacionais".
"Ampliaremos as ações pacíficas para afetar o desenvolvimento normal das operações comerciais de empresas que tenham promovido, financiado e executado o golpe político-militar", acrescentou.
Salinas denunciou "a ilegalidade do processo eleitoral promovido pelo governo de facto" de Roberto Micheletti, referindo-se às eleições convocadas para 29 de novembro, e anunciou que a Frente "promoverá em instâncias internacionais o castigo penal contra os responsáveis" pelo golpe.
A manifestação desta terça-feira foi fortalecida com a chegada das marchas do leste e do norte do país, e ainda espera a chegada de participantes de El Paraíso, no sul, que saíram na quarta-feira da semana passada de seus lugares de origem.
Outras marchas se encaminharam para San Pedro Sula, segunda maior cidade do país, no norte.
"Honduras resiste, insiste e persiste (...). Esta resistência é um exemplo para o mundo e para os movimentos sociais do mundo", advertiu Hortensia Zelaya, falando para a multidão com um megafone em cima de um caminhão.
A mulher de Zelaya, Xiomara Castro, que também participou do protesto em Tegucigalpa, sugeriu que o movimento pela volta de seu marido ao poder "é uma oportunidade de transformar Honduras e não deixar que as forças das armas dobrem o coração e a razão".
"Não vamos nos deixar vencer, não vamos nos deixar dobrar, nos ajudem a mudar a história de Honduras", pediu Castro aos manifestantes.