Agência France-Presse
postado em 14/08/2009 11:27
PRAIA - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, concluiu nesta sexta-feira (14/8) em Cabo Verde um giro por sete países da África, onde ela divulgou uma mesma mensagem: antes de tudo, os africanos devem se responsabilizar por seus problemas.
Durante sua viagem de 11 dias, a mais longa desde que assumiu sua função, em janeiro, como chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton visitou uma clínica rural de luta contra a aids na África do Sul e conheceu de perto a realidade do leste da República democrática do Congo (RDC) em guerra.
A cada etapa, Hillary Clinton sugeriu que os africanos devem assumir o rumo de seu continente e os EUA, mesmo estando prontos a trabalhar com eles, não têm nenhuma "varinha mágica" para resolver problemas endêmicos. Ela reiterou assim a mensagem difundida mês passado em Ghana pelo presidente Barack Obama, primeiro chefe de Estado afro-americano.
Para Tom Wheeler, pesquisador do Instituto sul-africano dos Assuntos Internacionais, a nova administração americana imprimiu "uma mudança do estilo e de substância" às suas relações com a África. "Os africanos sempre esperam que países de fora do continente possam resolver seus problemas, encarando isso de uma forma ruim, a dependência da ajuda", ressaltou.
A enviada americana não encontrou franca hostilidade da parte das populações durante sua viagem, e foi até bem recebida no Libéria por algumas mulheres que a chamaram de "nossa dama de ferro". Mas o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, se irritou com a tendência americana de "dar lições". Na República Democrática do Congo, estudantes evocaram diante dela o passado de exploração da África pelos Ocidentais.
Hillary Clinton também respondeu irritada a um jovem que lhe teria perguntado o que seu marido, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), pensava do envolvimento da China ou do Banco Mundial na República Democrática do Congo, quando o episódio teria sido, na verdade, resultado de uma má tradução do intérprete que a acompanhava.
Diferente de vários visitantes ocidentais, ela não prometeu financiamentos maiores, apesar de ter anunciado fundos para a luta contra a Aids em Angola ou contra os estupros na RDC. Segundo fontes oficiais, a administração Obama prevê um plano de US$ 20 bilhões do grupo nas oito nações mais ricas para dinamizar a agricultura na África e fazer com que os africanos combatam sozinhos a desnutrição.