Agência France-Presse
postado em 14/08/2009 18:51
Pelo menos 13 palestinos morreram e 100 ficaram feridos nesta sexta-feira na Faixa de Gaza em enfrentamentos entre a polícia do Hamas, que controla o território, e membros de uma facção dissidente, de acordo com uma fonte dos serviços de emergência.
Segundo a mesma fonte, um chefe do braço armado do Hamas está entre os mortos, e 20 pessoas foram gravemente feridas nestes combates, que começaram durante a tarde e entraram pela noite, na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Segundo testemunhas, a polícia do Hamas cercou uma mesquita de Rafah onde estavam membros da facção salafista Jund Ansar Allah, que considera o Hamas moderado demais.
A cidade de Rafah, feudo na Faixa de Gaza desta facção salafista, inspirada ideologicamente da rede Al-Qaeda, fica na fronteira com o Egito.
De acordo com uma fonte de segurança egípcia, uma criança de três anos foi gravemente ferida por uma bala perdida que chegou até o outro lado da fronteira. Segundo uma fonte hospitalar, o estado da criança é grave.
De acordo com testemunhas, o tiroteio começou quando a polícia do Hamas atacou a mesquita, depois de a facção salafista ter proclamado pela manhã a criação na Faixa de Gaza de um "Emirado Islâmico".
"Proclamamos hoje a criação de um Emirado Islâmico na Faixa de Gaza", declarou Abdel Abdelatif Mussa, representante do Jund Ansar Allah, segundo estas testemunhas, que destacaram que o líder da facção estava rodeado de combatentes armados no momento de seu discurso na mesquita.
Em resposta, o ministério do Interior do Hamas em Gaza avisou em comunicado que "qualquer pessoa fora-da-lei portando armas para propagar o caos será detida".
À noite, os policiais do Hamas utilizaram dinamite para destruir a casa de Abdelatif Mussa em Rafah, segundo um fotógrafo da AFP. Não foi possível verificar se ele estava em casa na hora da explosão.
As forças de polícia do Hamas bloquearam todos os acessos à cidade, segundo o fotógrafo.
Mais cedo, na mesquita de Beit Lahya, durante a tradicional oração de sexta-feira, o primeiro-ministro do governo do Hamas, Ismail Haniyeh, desmentiu a existência de tal grupo radical em Gaza.
Ele acusou "a imprensa israelense" de "propagar estas informações para que o mundo fique contra Gaza".
Jund Ansar Allah ("Os soldados dos seguidores de Deus"), é uma facção radical que prega a aplicação rigorosa da sharia - a lei islâmica - e que considera o Hamas muito liberal.
Segundo testemunhas, os membros deste grupo ameaçam os donos de cybercafés e querem impor mais rigor e pudor nas praias do pequeno território palestino.
Em julho, ele foi acusado pelo Hamas de estar por trás de uma explosão que deixou 52 feridos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, durante o casamento do sobrinho de Mohammad Dahlan, um dos líderes mais importantes do Fatah do presidente Mahmud Abbas.