postado em 15/08/2009 09:43
África, 680 milhões de habitantes espalhados por 54 países. Bolsões de prosperidade na África do Sul, em Angola e nos países petroleiros do norte, como Argélia e Líbia. Pobreza quase generalizada no restante do continente. Conflitos étnicos e religiosos sangrentos - os mais recentes deixaram 185 mortos no Sudão e 600 na Nigéria. Nas últimas semanas, sul-africanos tomaram as ruas das principais cidades, protestaram contra o desemprego e a redução na qualidade de vida e ameaçaram paralisar a economia com uma greve gigantesca. O vírus HIV, causador da Aids, já infectou 22 milhões de africanos e mata cerca de 1,5 milhão por ano. Escândalos políticos também fragilizaram países como o Zimbábue e o Quênia, citados pela organização não governamental Transparência Internacional como os mais corruptos do mundo.
[SAIBAMAIS]O tema foi explorado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em sua visita a sete países africanos: Quênia, África do Sul, Libéria, Nigéria, Congo, Cabo Verde e Angola. "O verdadeiro progresso econômico na África depende de governos responsáveis que rejeitem a corrupção, reforcem a lei e entreguem resultados a seu povo. Isso não é apenas sobre boa governança, isso é sobre bons negócios", disse a diplomata, durante a parada em Nairóbi, no último dia 4. A visita foi encerrada ontem em Cabo Verde, com uma mensagem clara e contundente aos governantes do continente de que eles devem assumir a responsabilidade por seus problemas.
A visita de Hillary mostrou um novo tom nas relações entre EUA e África, permeado por um compromisso comedido do presidente Barack Obama - filho de queniano - com a região. Em entrevista ao Correio, o etíope Azeb Tadesse, vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da Universidade da Califórnia (Ucla), lembrou que Johnnie Carson, secretário-assistente de Estado para Assuntos Africanos, pontuou a política norte-americana no Congresso dos Estados Unidos, em 29 de abril passado. Ele delimitou quatro áreas de engajamento com a África: o fortalecimento das instituições democráticas, a prevenção de conflitos, o incentivo ao crescimento econômico e a parceria para combater ameaças globais, incluindo o terrorismo, em ascensão no chifre da África.
Para o analista, existe uma tendência de considerar a promoção do comércio e as iniciativas empresariais como os principais motores de desenvolvimento africano. "Isso não quer dizer que haverá uma redução ou uma retirada gradual de ajuda humanitária, mas parece que o comércio e os empreendimentos são centrais para sua política pró-África", afirmou Tadesse. O etíope acredita que o continente está em uma espécie de encruzilhada. "Temos visto mudanças positivas em muitos países, incluindo taxas de crescimento extraordinárias em Gana, Etiópia e Angola", exemplificou. "Enquanto a economia mundial sofre uma contração, algumas dessas nações experimentam taxas de desenvolvimento de 4% a 7%", lembrou.
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