Agência France-Presse
postado em 20/08/2009 12:10
GREENOCK - O líbio Ali Mohamed al Megrahi, que foi liberado pela Escócia por razões humanitárias da prisão onde cumpria pena pelos assassinatos de 270 pessoas no atentado de Lockerbie em 1988, sempre clamou sua inocência.
[SAIBAMAIS]Megrahi, que luta contra um câncer de próstata em fase terminal, foi condenado à prisão perpétua em 2001 por um tribunal especial escocês reunido na Holanda e passou os últimos oito anos em uma penitenciária de Greenock, perto de Glasgow (oeste da Escócia).
Aos 57 anos, voltará a seu país para passar o Ramadã ao lado de sua esposa e de seus cinco filhos, dez anos depois de as autoridades de Trípoli terem decidido entregá-lo junto com o outro acusado, Al Amín Khalifa Fhimah.
Os dois foram indiciados em 1991, após uma investigação britânico-americana, como autores do voo 103 da companhia PanAm sobre a pequena localidade escocesa de Lockerbie, que causou a morte dos 259 ocupantes do avião e de 11 pessoas em terra. Quando ocorreu o atentado, Megrahi era chefe de segurança da companhia Libyan Arab Airlines em Malta.
Os investigadores americanos afirmavam que sua acusação era uma farsa para encobrir seu trabalho para os serviços secretos líbios, acusação que ele sempre negou e que não foi comprovada no julgamento realizado na Holanda a partir de 2000.
Ao final do julgamento, em 2001, Fhimah foi absolvido e ele condenado pelo assassinato em massa à prisão perpétua, com um mínimo obrigatório de 27 anos.
Embora os familiares das vítimas americanas tenham se mostrado globalmente satisfeitas com a sentença, alguns britânicos emitiram dúvidas sobre o processo. As críticas se centraram principalmente no testemunho chave de um vendedor maltês que teria reconhecido Megrahi como o homem que comprou a roupa que serviu para envolver a bomba dentro de uma mala. A advogada dele Margaret Scott considerou o veredito um erro judicial.
Desde então, Megrahi não parou de clamar sua inocência. "Deus é testemunha, sou inocente, não cometi nenhum crime e não tenho nenhuma relação com esta história", afirmou ao jornal árabe Asharq al Awsat em 2001.
Após a rejeição de seu primeiro recurso em 2002, o governo escocês teve acesso à sua demanda de liberação por razões humanitárias, alegando que segundo os médicos só tem três meses de vida pela frente. "Há dez anos, vivemos um sofrimento diário. Até quando vamos pagar o preço da injustiça", declarou recentemente sua esposa Aicha.