Agência France-Presse
postado em 26/08/2009 08:48
WASHINGTON - O senador americano Edward 'Ted' Kennedy faleceu na noite de terça-feira, vítima de um câncer cerebral aos 77 anos, após uma longa carreira em defesa da educação e da saúde, anunciou a família, um fato que encerra uma saga que dominou a política dos Estados Unidos desde os anos 1960.
[SAIBAMAIS]"Edward M. Kennedy, o marido, pai, avô, irmão, tio que amamos tão profundamente, morreu no fim da noite de terça-feira em casa em Hyannis Port, Massachussetts", afirma um comunicado da família. "Perdemos o centro insubstituível de nossa família e uma alegre luz em nossas vidas, mas a inspiração de sua fé, otimismo e perseverança viverá em nossos corações para sempre".
A morte de Ted Kennedy encerra uma era da política americana, na qual sua família parecia predestinada a governar. "Agradecemos a todos os que cuidaram dele e o apoiaram no último ano e a todos os que estiveram junto dele durante tantos anos na incansável marcha para o progresso por meio da justiça, igualdade e oportunidades para todos. Amava seu país e dedicou sua vida a servi-lo", completa a nota da família.
O presidente americano, Barack Obama, e sua esposa Michelle se declararam "inconsoláveis" com a morte do senador democrata. "Acabou um importante capítulo de nossa história. Nosso país perdeu um grande líder, que recuperou a tocha de seus irmãos falecidos e se transformou no maior senador americano de nossa época", afirmou o presidente, que está de férias no balneário de Martha's Vineyard, no estado de Massachusetts.
Ted Kennedy faleceu perto do local onde os Obama passam férias. O senador apoiou Obama durante a campanha eleitoral do ano passado e compareceu à convenção democrata em Denver há 12 meses, apesar da doença, para pedir votos àquele que se tornou o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
O chamado "leão liberal" do Senado americano era o mais novo dos nove irmãos Kennedy, que incluíam o presidente John F. Kennedy, assassinado em 1963, e o senador Robert Kennedy, assassinado durante a campanha pela indicação presidencial democrata de 1968.
Ted Kennedy nunca alcançou o que muitos consideravam seu destino: a presidência. Ele perdeu a indicação democrata para o então presidente Jimmy Carter em 1980, mas sua vida já estava marcado por uma série de escândalos.
Em 1969 perdeu o controle do carro e caiu de uma ponte de Chappaquiddick, Massachusetts, em um acidente no qual morreu sua secretária, Mary Jo Kopechne. O escândalo se agravou quando foi noticiado que Kennedy nadou para se afastar do veículo, abandonando Kopechne, e só alertou as autoridades um dia depois. Mas o então jovem senador recebeu apenas uma sentença com sursis de dois meses e obteve uma reeleição fácil para o Senado.
Luta pela saúde pública
Kennedy lutou durante toda a carreira política por uma reforma do sistema de saúde nos Estados Unidos. "Esta é a causa da minha vida", declarou durante a convenção democrata de 2008. "O trabalho começa outra vez. A esperança se eleva outra vez. E o sonho vive", declarou Kennedy na ocasião.
Consciente dos graves problemas de saúde e um guerreiro político até o fim, Kennedy pediu em julho ao governador e aos legisladores de Massachusetts, em uma carta divulgada há poucos dias, a modificação da lei em vigor para poder substituir rapidamente uma cadeira vaga em Washington.
O Senado é atualmente cenário de uma árdua batalha política sobre o projeto de reforma do seguro de saúde proposto pelo presidente Obama. O pedido de Kennedy pretendia não deixar a bancada democrata com menos homens por muito tempo na batalha em caso de vacância.