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Talibãs do Paquistão têm novo chefe, mas as divisões internas continuam

Agência France-Presse
postado em 26/08/2009 11:51
PESHAWAR - Os talibãs do Paquistão confirmaram que um míssil americano matou seu comandante Baitullah Mehsud e que seu sucessor foi designado, mas os analistas da situação consideram que tudo não passa de um compromisso apressado para mascarar a divisão interna do grupo fundamentalista. [SAIBAMAIS]Hakimullah Mehsud afirmou por telefone que foi designado por unanimidade para chefiar o Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), confirmando assim a morte de Baitullah, atingido em 5 agosto por um míssil americano em seu reduto do Waziristão do Sul. "Nós nos vingaremos e bem rápido. Nós responderemos aos Estados Unidos", prometeu Hakimullah. Baitullah Mehsud era considerado o principal responsável pelos atentados que deixaram mais de 2 mil mortos no Paquistão nos últimos dois anos e os Estados Unidos havia oferecido uma recompensa de US$ 5 milhões por ele. Mas os especialistas e chefes das forças de segurança paquistanesas consideram que sua morte desatou uma guerra interna e uma luta pela sucessão entre os três principais pretendentes - Hakimullah Mehsud, Wali ur-Rehman e Faqih Mohammad -, aprofundando a divisão do TTP. Depois do relato de várias disputas, em que os três candidatos asseguraram sucessivamente que havia sido escolhido para liderar o TTP nos últimos dias, acontece o anúncio aparentemente definitivo da escolha de Hakimullah. "Ele é o nosso novo emir", confirmou Wali ur-Rehman, primo de Baitullah. Ur-Rehman também informou que foi escolhido como o chefe do TTP para o Waziristão do Sul, o reduto do movimento. Hakimullah Mehsud é um jovem combatente pouco conhecido, mas ambicioso, que deve enfrentar uma autoridade já contestada dentro do movimento aliado à Al-Qaeda. Dizem que tem um pouco menos de 30 anos e fotos recentes mostram que possui uma barba rala e longos cabelos. Ele nasceu numa pequena localidade do distrito tribal do Waziristão do Sul, na fronteira nordeste com o Afeganistão. Foi nesse território que Baitullah, ao suceder Abdullah Mehsud na chefia dos talibãs da região, fundou em dezembro de 2007 o TTP. Hakimullah abandonou os estudos religiosos ao conhecer Baitullah e decidir se unir à luta talibã. Hakimullah tornou-se rapidamente lugar-tenente do inimigo público número 1 do Paquistão, e depois designado dirigente dos grupos do TTP nos distritos tribais de Orakzai, Khyber e Kurram. Seu principal adversário na luta pela sucessão, Wali ur-Rehman, é, no entanto, considerado por alguns o verdadeiro detentor do poder, como prova o fato de ter sido designado chefe do TTP no Waziristão do Sul. Só que Ur-Rehaman não possui o carisma do jovem chefe recém-nomeado, que domina, inclusive, a arte das relações públicas, principalmente junto à imprensa. Além disso, é considerado um combatente feroz. "Mesmo sendo muito jovem, Hakimullah tem reputação de ser brutal e sem misericórdia", comentou Hasan Askari, analista de segurança e defesa. "Ele certamente vai tentar se impor junto a suas tropas e mostrar ao governo que será um chefe do calibre de Baitullah", acrescentou.

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