Agência France-Presse
postado em 27/08/2009 17:36
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu nesta quinta-feira, em Berlim, "sanções paralisadoras" contra o Irã para impedir que Teerã consiga obter armamento nuclear.
Em uma entrevista coletiva à imprensa ao lado da chanceler alemã Angela Merkel, Netanyahu disse que espera poder retomar as negociações de paz com os palestinos "dentro de um mês ou dois".
Mas insistiu, sobretudo, na ameaça que --segundo ele-- representa o programa iraniano de enriquecimento de urânio.
"O tempo urge", declarou. "O Irã diz que quer apagar o meu país do mapa", "o mais importante que podemos fazer é colocar em andamento ações paralisadoras. É possível exercer pressões reais contra o regime de Teerã", declarou Netanyahu durante a entrevista.
O premier acrescentou que, se o Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguir chegar a um consenso sobre o endurecimento das sanções, Estados Unidos e Europa devem adotar sanções de sua parte.
"Se não houver progressos até setembro, analisaremos medidas mais firmes contra o Irã no campo da energia e das finanças", disse Merkel.
No entanto, Merkel enfatizou que as sanções serão mais eficientes com a colaboração da Rússia e da China.
Israel, Washington e os europeus suspeitam que Teerã quer obter armas atômicas, o que Irã nega categoricamente.
Em sua visita a Berlim, depois de passar pela Grã-Bretanha, onde se reuniu com seu colega Gordon Brown, e de se encontrar na véspera com Georges Mitchell, o enviado especial do presidente Barack Obama para o Oriente Médio, Netanyahu também fez uma comparação entre ameaça iraniana e campos de concentração.
A correlação foi feita quando Netanyahu recebeu de presente as plantas originais do campo de extermínio de Auschwitz.
"O Holocausto poderia ter sido impedido. Todos sabiam, mas não fizeram nada. Não podemos deixar que isso se repita. Não podemos deixar que alguns peçam impunemente a destruição do Estado de Israel. Esta é a lição mais importante", declarou, em clara alusão ao regime de Teerã, mas sem menciná-lo.
"Não podemos deixar o mal organizar o assassinato em massa de inocentes", enfatizou.
O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, negou em várias ocasiões o Holocausto e pediu que Israel fosse "apagado do mapa".
Netanyahu recebeu, por parte da editora Axel Spinger, as plantas originais de Auschwitz, encontradas por acaso em um apartamento de Berlim, em 2008.
O primeiro-ministro agradeceu à editora do jornal Bild por "ter oferecido a Israel este verdadeiro presente". Os planos estão destinados monumento funerário Yad Vashem de Jerusalém.
"Há quem acredite que a Shoah jamais existiu... que venham a Jerusalém e que vejam as plantas desta fábrica da morte", acrescentou.
Junto a ele estava sua esposa, Sara, cujo pai foi, segundo ele, "o único sobrevivente de uma família de 100 pessoas".
"Não sei quantos membros da família de minha esposa morreram nesses bunkers", acrescentou.
O chefe de redação do Bild, Kai Diekmann, que entregou o presente, considerou, por sua parte, que Auschwitz "encarna, melhor do que qualquer outra coisa, a culpa e cegueira de toda uma nação".
Quando o documento foi descoberto, o diretor dos arquivos federais alemães em Berlim, Hans-Dieter Kreikamp, classificou sua importância de "extraordinária": "é a prova autêntica do genocídio sistemático e planejado dos judeus da Europa".
À tarde, Netanyahu se tornou o primeiro chefe de governo israelense a visitar o palacete de Wannsee, no sul de Berlim, onde os dirigentes nazistas decidiram em 1942 "a solução final", o extermínio dos judeus na Europa ocupada.
"Em minha qualidade de primeiro-ministro de Israel, desejo dizer simplesmente o seguinte: a nação judaica está viva", disse durante sua visita.
Netanyahu deve deixar Berlim rumo a Tel Aviv nesta mesma noite.